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Quem é Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro preso pela PF

Tenente-coronel é pivô de diversas investigações relacionadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro

Mauro Cid (Alan santos/Presidência/Flickr)

Mauro Cid (Alan santos/Presidência/Flickr)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 3 de maio de 2023 às 08h56.

Última atualização em 3 de maio de 2023 às 10h28.

Preso nessa quarta-feira, 3, na operação Venire, da Polícia Federal, o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, o Mauro Cid ou "coronel Cid" foi ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro durante seu governo -- e um de seus mais influentes assessores.

Quem é Mauro Cesar Barbosa Cid?

Mauro Cid é filho do general Mauro Cesar Lourena Cid, que foi colega do ex-chefe do Executivo no curso de formação de oficiais do Exército. Desde esse período, Bolsonaro mantém uma amizade com Lourena Cid.

Em janeiro, ele foi apontado como o pivô da demissão do general Júlio Cesar de Arruda do comando do Exército.

Mauro Cid ascendeu na carreira no governo passado. Ele era major e foi promovido a tenente-coronel. Seu nome ganhou notoriedade em janeiro, após reportagem de Rodrigo Rangel, do portal Metrópoles, apontar que investigações da PF, sob o comando do Supremo Tribunal Federal (STF), apuravam se o ajudante de ordens do ex-presidente operava uma espécie de “caixa paralelo”. O ex-presidente Bolsonaro nega as informações.

Cid foi designado para o 1º Batalhão de Ações e Comandos, unidade de Operações Especiais -- um cargo do qual o ex-comandante geral Arruda não queria tirá-lo. Mauro Cid foi escolhido para o posto em maio de 2022, durante a gestão anterior, mas só o assumiria em fevereiro. O Planalto já havia indicado que esperava que Arruda anulasse a nomeação.

Caixa paralelo

Segundo a reportagem do Metrópoles de janeiro, as investigações sob o comando do ministro Alexandre de Moraes descobriram que o “coronel Cid” pagava contas do clã presidencial em dinheiro vivo. Os investigadores apuram agora se Cid operava uma espécie de “caixa paralelo” por meio de saques de recursos dos cartões corporativos, o que é negado por Bolsonaro.

Entre as contas pagas por Cid, estão faturas de um cartão de crédito adicional emitido no nome de Rosimary Cardoso Cordeiro, funcionária do Senado Federal lotada no gabinete do senador Roberto Rocha (PTB-MA). Ela é amiga próxima de Michelle — ambas trabalhavam como assessoras de deputados na Câmara — e aparece em fotos ao lado de Bolsonaro e da ex-primeira dama.

Caso das joias

O ex-ajudante de ordens da Presidência na antiga gestão também teve envolvimento no caso que ficou conhecido como das jóias sauditas. Ele, inclusive, prestaria depoimento no caso nesta quarta-feira, 3. Segundo o Estadão, o ajudante de ordens foi o primeiro a ser escalado para resgatar pessoalmente joias e relógio de diamantes. Um ofício obtido pelo Estadão revela que Cid escalou ele mesmo para a missão. O documento enviado à Receita informando que um auxiliar do presidente iria pegar as joias era assinado pelo próprio Cid. 

Em depoimento à PF, Bolsonaro disse que mandou o seu ex-ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid, verificar e esclarecer o que poderia ser feito com as joias dadas pelas Arábia Saudita, retidas pela Receita Federal no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, segundo o relato de uma pessoa que acompanhou o depoimento.
O ex-mandatário afirmou que a sua intenção era evitar um vexame diplomático de o presente dado por outra nação ser levado a leilão.
O tenente-coronel do Exército também foi quem pediu, com "urgência", avião da FAB e diárias para a ida do sargento Jairo Moreira da Silva a São Paulo, três dias antes do fim do mandato de Bolsonaro, para buscar as joias apreendidas pela Receita Federal no aeroporto de Guarulhos. Esse fato foi considerado como uma espécie de "impressão digital" de Bolsonaro na tentativa de liberar as peças.

Operação Venire

Segundo a Polícia Federal, estão sendo cumpridos 16 mandados de busca e apreensão e seis mandados de prisão preventiva, em Brasília e no Rio de Janeiro.
Também está sendo realizada a análise do material apreendido durante as buscas e realização de oitivas de pessoas que detenham informações a respeito dos fatos.

De acordo com a PF, os alvos são investigados por inserção de dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas SI-PNI e RNDS do Ministério da Saúde.

"As inserções falsas, que ocorreram entre novembro de 2021 e dezembro de 2022, tiveram como consequência a alteração da verdade sobre fato juridicamente relevante, qual seja, a condição de imunizado contra a Covid-19 dos beneficiários", diz nota. "Com isso, tais pessoas puderam emitir os respectivos certificados de vacinação e utilizá-los para burlarem as restrições sanitárias vigentes imposta pelos poderes públicos (Brasil e Estados Unidos) destinadas a impedir a propagação de doença contagiosa, no caso, a pandemia de covid-19."

A apuração, segue a PF, indica que o "objetivo do grupo seria manter coeso o elemento identitário em relação a suas pautas ideológicas, no caso, sustentar o discurso voltado aos ataques à vacinação contra a Covid-19".

Os investigados podem responder pelos crimes de infração de medida sanitária preventiva, associação criminosa, inserção de dados falsos em sistemas de informação e corrupção de menores.

Max Guilherme: segurança de Bolsonaro também foi preso

Além do Cid, a Operação Venire pendeu mais três outros nomes: o secretário de Cultura e Turismo de Duque de Caxias (RJ), João Carlos de Sousa Brecha, o policial militar que atuou na segurança presidencial, Max Guilherme, e o militar do Exército e também segurança pessoal de Bolsonaro, Sérgio Cordeiro.

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