Agentes da Polícia Federal durante a sétima fase da Operação Lava Jato, em São Paulo (Nacho Doce/Reuters)
Da Redação
Publicado em 21 de novembro de 2014 às 12h57.
São Paulo - Nesta sexta-feira, a Polícia Federal deve ouvir o empresário Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, suposto lobista do PMDB e um dos suspeitos de participar do esquema de corrupção envolvendo Petrobras e grandes empreiteiras do país.
A prisão de Baiano foi pedida pela PF na sexta-feira passada, mas ele só se entregou à polícia na última terça após ser considerado foragido.
Seu depoimento é fundamental para a continuidade das investigações. Baiano foi citado por Alberto Youssef em sua delação premiada como sendo o operador do PMDB no esquema. Ou seja, ele seria o responsável por arrecadar propina para o partido durante as negociações de contratos da Petrobras.
O lobista Júlio Camargo, que atuava pela Toyo Setal e também falou em acordo de delação premiada, também citou a participação de Fernando Baiano no esquema.
Camargo afirmou à Polícia Federal que pagou 15 milhões de reais ao lobista, exigidos para fechar a venda de duas sondas para a Diretoria Internacional da Petrobras, durante a gestão de Nestor Cerveró.
O Banco Central bloqueou 8,87 mil reais de contas no nome de Baiano. Suas duas empresas também tiveram ativos bloqueados. A Hawk Eyes teve 6,5 milhões de reais sequestrados e a Technis Planejamento sofreu congelamento de 2 milhões de reais.
Fernando Baiano é sócio ainda da Petroenge Petróleo e Engenharia que tem contratos de R$ 71,2 milhões com a Petrobras, segundo o jornal Folha de São Paulo. A empresa presta serviços de manutenção e de apoio para as plataformas marítimas de extração de petróleo da estatal.
Baiano se tornou sócio da Petroenge por meio de sua outra empresa, a Hawk Eyes, que detém 18% do capital da Petroenge. No entanto, segundo o sócio majoritário da Petroenge, Guilherme Mendes Spitzman Jordan, o empresário teria apenas investido no negócio e não atua nos contratos.
Mario de Oliveira Filho, advogado de Baiano, nega que seu cliente tenha qualquer ligação com o PMDB ou que tenha participado de negociações ilícitas. Segundo ele, o empresário fazia "prospecção de negócios".
"Ele é um empresário, proprietário de duas empresas antigas e faz prospecção de negócios. Descobre onde está o problema de uma infraestrutura e vai atrás de solução. Por exemplo, vou fazer uma estrada, preciso de tantas toneladas de pedras. Ele faz o contato e, sobre a negociação, recebe uma porcentagem, que é absolutamente lícito", afirmou à Agência Brasil.
O advogado afirma que a Polícia Federal teria relacionado Soares com o PMDB porque o empresário teria feito negócios com a Petrobras, em especial, com a Diretoria Internacional. O PMDB é responsável por indicar os diretores da área.
Na última quarta-feira, Oliveira Filho afirmou que não existem obras feitas sem propinas no Brasil. O PMDB nega que o lobista tenha atuado em nome do partido.