Brasil

Quem é Abraham Weintraub, o novo ministro da Educação

Professor da Unifesp era número 2 da Casa Civil. Especialista em Previdência, passou a maior parte da sua carreira no mercado financeiro

Abraham-Weintsraub (Rafael Carvalho/Agência Brasil)

Abraham-Weintsraub (Rafael Carvalho/Agência Brasil)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 8 de abril de 2019 às 12h35.

Última atualização em 9 de abril de 2019 às 12h42.

São Paulo — O presidente Jair Bolsonaro anunciou na tarde desta segunda-feira (08) a já esperada demissão de Ricardo Vélez do comando do Ministério da Educação (MEC).

No seu lugar entra o economista Abraham Weintraub, que segundo o presidente "possui ampla experiência em gestão e o conhecimento necessário para a pasta".

Sem experiência específica na área, ele é formado em ciências econômicas pela Universidade de São Paulo e mestre em administração na área de finanças pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

O novo ministro foi apresentado inicialmente como "doutor" no tuíte do Bolsonaro, apesar de não ter doutorado. O presidente corrigiu a informação em um tuíte subsequente.

Abraham era secretário-executivo da Casa Civil, atuando como "número 2" da pasta sob o comando de Onyx Lorenzoni, que o apresentou a Bolsonaro.

Ele e Arthur Weintraub, seu irmão, são especialistas em Previdência. Arthur é hoje assessor especial da Presidência da República.

Professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) desde 2014, Abraham liderava o Centro de Estudos em Seguridade Social (CES).

A maior parte da sua carreira foi no mercado financeiro. Ele trabalhou 18 anos no Banco Votorantim, onde foi de office-boy a economista-chefe e diretor.

Demitido, se tornou sócio na Quest Investimentos. Ele também já foi membro do comitê de Trading da BM&FBovespa.

Cláudia Costin, professora da FGV e ex-secretária municipal da Educação do Rio de Janeiro, vê uma melhora do perfil do comando do MEC, apesar do escolhido não ser especialista em educação:

"Ele entende de gestão, o que já é um avanço num certo sentido. Mas, por outro lado, não é gestão de políticas públicas, o que preocupa um pouco".

Cláudia, que também já foi diretora sênior para educação no Banco Mundial e secretária estadual da Cultura em São Paulo, destaca a importância de compensar essas carências no resto do time:

"É muito diferente entender de Previdência e saber operar gasto educacional. O MEC é um do ministérios com mais orçamento e maior articulação com estados e municípios, então é importante montar uma equipe com conhecimento das duas coisas".

Histórico

Abraham e Arthur estavam no primeiro grupo de pessoas nomeadas para o gabinete de transição de Bolsonaro por Lorenzoni.

Ambos foram apresentados a Bolsonaro pelo próprio Onyx e foram os primeiros economistas a se juntar ao grupo bolsonarista - antes mesmo do futuro ministro da Economia, Paulo Guedes.

Abraham e Lorenzoni, por sua vez, se conheceram num seminário internacional sobre Previdência, realizado no Congresso Nacional em março de 2017.

Ainda em novembro de 2017, Bolsonaro divulgou um texto de defesa da independência do Banco Central assinado em conjunto com Abraham, Arthur e sua equipe.

Abraham e Arthur chegaram a acompanhar Bolsonaro na viagem que o presidente eleito, à época apenas pré-candidato, fez a Seul e Taiwan em março de 2018. Em 2014, os irmãos Weintraub haviam aderido à candidatura da ex-senadora Marina Silva (Rede).

"Em 2014, acreditávamos que Marina era a melhor alternativa. Hoje, evidentemente, Jair Bolsonaro representa o Brasil do futuro pelo qual estamos dispostos a lutar", disseram os irmãos em uma entrevista por e-mail ao jornal O Estado de S. Paulo, durante a campanha do ano passado.

Opiniões

Algumas das ideias de Abraham foram expostas em uma palestra na Cúpula Conservadora das Américas, realizada em Foz do Iguaçu em dezembro de 2018.

O novo ministro demonstra simpatia pelas ideias do filósofo Olavo de Carvalho, considerado guru do bolsonarismo e responsável pela indicação de Vélez.

"Quando ele [um comunista] chegar pra você com papo de ‘nhoin nhoin nhoin’, xinga. Faz como o Olavo diz pra fazer. E quando você for dialogar, não pode ter premissas racionais", diz Abraham.

Veja o vídeo:

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=03HdxU_OTDg%5D

Ainda em setembro, pouco antes da eleição, Abraham participou de um vídeo com o hoje deputado federal Luis Philippe Bragança (PSL-SP), um dos herdeiros da Casa Imperial do Brasil, ara debater o plano de governo de Bolsonaro.

Aos 29 minutos de vídeo, Abraham diz o seguinte: "A esquerda entra. Logo depois que ela entra, você começa ter a droga penetrando a fundo na sociedade. Então isso é importante ver a correlação. Onde a esquerda vai, a droga vai atrás."

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=7LyPWdoQiP8%5D

(Com Estadão Conteúdo)

Acompanhe tudo sobre:abraham-weintraubEducaçãoGoverno BolsonaroMEC – Ministério da Educação

Mais de Brasil

Homem-bomba gastou R$ 1,5 mil em fogos de artifício dias antes do atentado

O que muda com projeto que proíbe celulares nas escolas em São Paulo

Haddad se reúne com cúpula do Congresso e sinaliza pacote fiscal de R$ 25 bi a R$ 30 bi em 2025

Casos respiratórios graves apresentam alta no Rio e mais 9 estados