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Queiroga diz que estados estão aplicando vacinas indevidas em adolescentes

Segundo ministro da Saúde, foram aplicadas vacinas que não são da Pfizer, única aprovada para a faixa etária de 12 a 17 anos

Ministro de Estado da Saúde, Marcelo Queiroga (Edilson Rodrigues/Agência Senado/Flickr)

Ministro de Estado da Saúde, Marcelo Queiroga (Edilson Rodrigues/Agência Senado/Flickr)

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Alessandra Azevedo

Publicado em 16 de setembro de 2021 às 15h49.

Última atualização em 16 de setembro de 2021 às 15h59.

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse nesta quinta-feira, 16, que estados e municípios iniciaram antes da hora a vacinação de adolescentes de 12 a 17 anos contra a covid-19, alguns com vacinas que não foram aprovadas para essa faixa etária. O único imunizante recomendado para adolescentes é o da Pfizer.

Segundo o ministério, 3,5 milhões de adolescentes já foram vacinados. Deles, mais de 26 mil tomaram doses de vacinas não recomendadas. Foram aplicadas 15.633 doses da Coronavac, 10.338 da AstraZeneca e 806 da Janssen. Os estados que mais aplicaram vacinas indevidas foram São Paulo e Rio de Janeiro.

"Essa vacinação de adolescente deveria ter começado no dia 15. vacinaram 3,5 milhões de adolescentes com vacinas que não estavam previstas. Eu quero a colaboração dos secretários municipais da saúde para seguir só as orientações da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)”, disse Queiroga.

Nesta quinta-feira, o Ministério da Saúde mudou a recomendação para a vacinação de adolescentes. Agora, devem ser imunizados apenas os que tenham comorbidade, deficiência permanente ou estejam privados de liberdade, sempre com a Pfizer. Durante a coletiva, entretanto, o ministro não esclareceu se os "eventos adversos" --  descritos na fala dele e do secretários como motivo para paralisar a vacinação para os adolescentes -- estiveram relacionados aos que tomaram a vacina errada para a faixa etária ou a da Pfizer.

Vale lembrar que a Organização Mundial da Saúde e a Anvisa já reconheceram a vacina da Pfizer como segura para adolescentes a partir dos 12 anos. No caso do órgão brasileiro, a autorização foi baseada após a apresentação de estudos que indicaram a segurança e eficácia da vacina. Além do Brasil, países como Estados Unidos, Chile, Canadá e Reino Unido continuam usando a Pfizer para vacinar adolescentes.

Mas, agora, segundo Queiroga, os adolescentes sem doenças crônicas que receberam a primeira dose não devem receber a segunda dose. Quem tem comorbidade deve continuar o esquema. "Quem tomou vacina que não estava prevista não toma mais nada. Eu, como ministro, não vou autorizar a intercambialidade neste grupo", disse.

"A aplicação em adolescentes sem comorbidades deve parar, até porque nem estavam previstos", reforçou. Dos 3,5 milhões de adolescentes que receberam vacinas de maneira "intempestiva", segundo Queiroga, cerca de 1,5 mil apresentaram eventos adversos. "(Decidimos) suspender essa recomendação por questão de cautela", disse o ministro.

Questionado sobre se estados podem ser punidos pela aplicação em adolescentes, Queiroga respondeu que "as notas técnicas são claras" e recomendam vacinação em adolescentes no dia 15 de setembro. "O Brasil tem Ministério Público, TCU e Justiça e eu não pertenço a nenhum deles", disse.

Mesmo após a mudança de recomendação do ministério, alguns estados afirmaram que vão manter a vacinação para adolescentes sem comorbidades, o que levou o ministro a fazer um apelo. "Meus amigos 5570 secretários de saúde, sigam a recomendação do PNI. Não dá para o Ministério da Saúde se responsabilizar por condutas que são tomadas fora da recomendações sanitárias do país", afirmou.

Queiroga lembrou que a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou, em relação aos adolescentes, que o grupo só deveria ser considerado após priorizar populações com maior risco. "Mães, não levem suas crianças para salas de imunização para tomar vacina que não tenha autorização da Anvisa", reforçou.

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