Queimadas: segundo o balanço, a área afetada no ano passado foi de aproximadamente 2% do território brasileiro (Mayke Toscano/Secom-MT/Divulgação)
Agência de notícias
Publicado em 19 de janeiro de 2024 às 06h36.
O Brasil perdeu 17,3 milhões de hectares para queimadas entre janeiro e dezembro de 2023. O país registrou alta de 6% em comparação com o ano anterior, quando 16,3 milhões de hectares foram destruídos pelas chamas. Os dados são da plataforma Monitor do Fogo do MapBiomas e foram divulgados nesta quinta-feira.
Segundo o balanço, a área afetada no ano passado foi de aproximadamente 2% do território brasileiro. O índice de hectares perdidos em 2023 supera o tamanho de estados como o Ceará e o Acre. Em comparação, é como se em, um único ano, toda a extensão do Uruguai fosse destruída por chamas.
Os dados do MapBiomas indicam que o Brasil registrou um pico nas queimadas entre setembro e outubro do ano passado, quando 4 milhões de hectares foram atingidos pelo fogo a cada mês. Apenas em dezembro foram 1,6 milhão de hectares queimados no país, maior extensão destruída no mês desde 2019.
Os dados do MapBiomas mostram que a Amazônia foi o bioma mais afetado pelo fogo em dezembro, com 1,3 milhão de hectares queimados, um aumento de 463% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Diretora de Ciência no Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e coordenadora do MapBiomas Fogo, Ane Alencar explica que o El Niño desempenhou um papel crucial no aumento dos incêndios no bioma.
— O fenômeno climático elevou as temperaturas e deixou a região mais seca, criando condições favoráveis à propagação das queimadas. Se não fosse a redução de mais de 50% no desmatamento (dado divulgado pelo Inpe na primeira semana de janeiro), diminuindo uma das principais fontes de ignição, com certeza teríamos uma área bem maior afetada por incêndios na região — afirma a pesquisadora.
O Pará foi o estado mais afetado pelo fogo no último mês do ano — foram 658,4 mil hectares consumidos pelas chamas. Isso representa um aumento de 572% na área queimada ante dezembro anterior.
Oficializado como sede da COP30, o estado enfrenta desafios ambientais como as altas taxas de queimadas e fraudes no registro de terras. A decisão da cúpula climática coloca Belém como palco de encontro de líderes mundiais, em novembro de 2025, para discussões sobre meio ambiente e estratégias globais para combater os efeitos do aquecimento global.
O governador Helder Barbalho afirmou recentemente ao GLOBO que o evento mundial representa uma oportunidade de transformação para a história do estado — que nas últimas décadas representou o maior obstáculo para a imagem sustentável do Brasil.
Conhecido como detentor de uma das maiores extensões alagadas contínuas do planeta, o Pantanal ocupa a segunda colocação entre os territórios mais afetados pelas queimadas no último mês do ano, seguido do Cerrado. A área afetada pelo fogo em 2023 equivale ao triplo do que foi registrado em 2022.
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— O fogo, que invadiu áreas do Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro (MS) e do Parque Estadual Encontro das Águas (MT), foi potencializado pela estiagem no final do ano, principalmente no mês de novembro, que concentrou 60% de toda a área queimada no bioma Pantanal — explica Eduardo Rosa da equipe do Pantanal do MapBiomas.