Hugo Tadeu: o professor disse que tanto a mão de obra pouco escolarizada quanto a de nível educacional avançado passarão por transformações profundas (Um Brasil/Divulgação)
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Publicado em 15 de novembro de 2023 às 09h00.
Os possíveis desdobramentos do uso da Inteligência Artificial (IA) no futuro do trabalho fazem parte de uma discussão inadiável. No retrato atual, tanto a mão de obra pouco escolarizada quanto a de nível educacional avançado passarão por transformações profundas. Diante disso, cabe ao País decidir se a tecnologia será uma aliada da produtividade, do crescimento econômico e dos negócios.
O debate se mostra ainda mais urgente ao se observarem os dados apresentados em um estudo da Fundação Dom Cabral (FDC), em parceria com o Fórum Econômico Mundial, que indica o desaparecimento de 14 milhões de vagas de emprego, até 2027, em 45 países analisados — incluindo o Brasil. “Temos visto, com muita frequência, que qualquer processo produtivo da indústria ou dos serviços que tenha capacidade de automatizar esses dados, tende a fomentar a substituição ou a automatização da atividade mais operacional”, explica Hugo Tadeu, professor e diretor do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da FDC.
Em entrevista ao Canal UM BRASIL — uma realização da FecomercioSP —, o diretor explica que, além da integração tecnológica, será preciso ter um olhar atento sobre a qualificação da mão de obra, da ponta mais básica até a universitária.
De acordo com Tadeu, o País ainda carece de um planejamento de Estado que materialize e transforme em desenvolvimento toda a capacidade inovadora da população. Isso se traduz em planos para uma universidade entre as melhores do mundo; uma qualificação excelente no ranking do Pisa; expansão da formação de pessoas nas áreas de Tecnologia; fomento a pesquisas, inovação e tecnologias; e criação de ferramentas tecnológicas em nível nacional. “Se somássemos isso tudo, qual seria o ganho de produtividade para uma economia como a nossa, de forma a conseguir crescer para além da exportação de matéria-prima, sempre dependendo dos setores do agronegócio, de mineração, do óleo e do gás?”, questiona o professor.
“O futuro da qualificação é um assunto complexo, pois demanda entendimento de mundo — o que nós e outros países temos feito —, ou seja, quais são os indicadores de trabalho e de competitividade para que consigamos avançar; por outro lado, demanda também um entendimento da qualificação do empregado por ele mesmo e pela empresa para gerar a competência de longo prazo”, pondera.