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O que acontece agora após indiciamento de Bolsonaro e os outros 36 por tentativa de golpe de Estado?

A Polícia Federal concluiu o inquérito que apura uma suposta organização criminosa que tentou dar um golpe de Estado em 2022

Bolsonaro: indiciamento não causará prisão do ex-presidente ( Mauro Pimentel/AFP)

Bolsonaro: indiciamento não causará prisão do ex-presidente ( Mauro Pimentel/AFP)

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 22 de novembro de 2024 às 09h34.

Última atualização em 22 de novembro de 2024 às 15h02.

Mais importante de que o indiciamento anunciado pela Polícia Federal na quinta-feira, 21, será o próximo passo do processo que está só no início.

O ex-presidente Jair Bolsonaro, o ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, e o ex-ministro da Defesa e da Casa Civil, Braga Netto, e outras 34 pessoas foram indiciados pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.

Segundo juristas ouvidos pela EXAME, o indiciamento é apenas o início de todo um processo que passa pela avaliação do Ministério Público e por julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF).

O rito, a partir de agora, será: a Procuradoria-Geral da República (PGR) decide se apresenta denúncia ao STF, solicita mais informações ou arquiva o caso. O prazo para essa análise será determinado pelo ministro relator, Alexandre de Moraes, que normalmente é 15 dias, mas o órgão do Ministério Público pode pedir mais tempo.

Caso a PGR aceite a denúncia, a manifestação será analisada pelo colegiado do STF, que decidirá se os acusados se tornam réus.

A partir daí, os processos passam por diversas etapas para apurar os fatos e a participação de cada acusado. Nesse momento, serão colhidas provas, depoimentos, dados e interrogatórios. As defesas terão espaço para apresentar suas testemunhas.

Concluídas as diligências, o caso será levado a julgamento na Corte. Os ministros decidirão se os envolvidos devem ser condenados ou absolvidos, além de determinar as penas cabíveis para os condenados. Ainda assim, as defesas poderão recorrer.

Fontes ouvidas pela EXAME avaliam que o julgamento pode ocorrer entre o final do primeiro semestre e o início da segunda metade do ano que vem. A PGR deve apresentar o seu parecer ao STF até fevereiro.

Entre os indiciados estão outros ex-integrantes do governo Bolsonaro, como o delegado Alexandre Ramagem, ex-presidente da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), o ex-ministro da Justiça Anderson Torres e o ex-ajudante de ordens Mauro Cid. Valdemar Costa Neto, presidente do Partido Liberal (PL), também está na lista.

Bolsonaro pode ser preso preventivamente?

Uma fonte ouvida pela EXAME avalia que o ex-presidente Jair Bolsonaro não deve, no momento, ter a prisão preventiva solicitada. A análise é de que, por se tratar de um ex-presidente, qualquer decisão da PGR, seja por denúncia ou arquivamento, e uma eventual transformação de Bolsonaro em réu, indicam que ele só seria preso em caso de condenação definitiva pelo colegiado do STF.

Esse cenário, no entanto, pode mudar se Bolsonaro interferir na investigação, ameaçar testemunhas ou destruir provas. “Mas ele parece bem orientado por sua equipe de defesa a não dar quaquer passo em falso”, disse a fonte.

Bolsonaro e mais 36: veja a lista dos indiciados por tentativa de golpe de Estado

    • Ailton Gonçalves Moraes Barros
    • Alexandre Castilho Bittencourt da Silva
    • Alexandre Rodrigues Ramagem, ex-presidente da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN)
    • Almir Garnier Santos
    • Amauri Feres Saad
    • Anderson Gustavo Torres, ex-ministro da Justiça
    • Anderson Lima de Moura
    • Angelo Martins Denicoli
    • Augusto Heleno Ribeiro Pereira, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI)
    • Bernardo Romão Corrêa Netto
    • Carlos César Moretzsohn Rocha
    • Carlos Giovani Delevati Pasini
    • Cleverson Ney Magalhães
    • Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira
    • Fabrício Moreira de Bastos
    • Filipe Garcia Martins
    • Fernando Cerimedo
    • Giancarlo Gomes Rodrigues
    • Guilherme Marques de Almeida
    • Hélio Ferreira Lima
    • Jair Messias Bolsonaro, ex-presidente da República
    • José Eduardo de Oliveira e Silva
    • Laercio Vergílio
    • Marcelo Bormevet
    • Marcelo Costa Câmara
    • Mario Fernandes
    • Mauro César Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens
    • Nilton Diniz Rodrigues
    • Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho
    • Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira
    • Rafael Martins de Oliveira
    • Ronald Ferreira de Araújo Junior
    • Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros
    • Tércio Arnaud Tomaz
    • Valdemar Costa Neto - presidente do PL, partido de Bolsonaro
    • Walter Souza Braga Netto - ex-ministro da Defesa, Casa Civil e candidato à vice derrotado nas eleições de 2022
    • Wladimir Matos Soares

Por quais crimes Bolsonaro foi indiciado e qual a pena prevista?

    • Golpe de Estado: 4 a 12 anos de prisão;
    • Abolição violenta do Estado democrático de Direito: 4 a 8 anos de prisão;
    • Integrar organização criminosa: 3 a 8 anos de prisão
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