Encontro nos Brics: ao chegar no Japão, Temer chegou a insinuar proximidade com Putin (Danish Siddiqui/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 19 de outubro de 2016 às 09h44.
Tóquio - O presidente Michel Temer foi o único chefe de Estado e de governo a não ser recebido em encontro bilateral pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, durante a cúpula dos Brics, realizada no fim de semana em Goa, na Índia.
Na terça-feira, 18, durante declarações feitas à imprensa brasileira, em viagem ao Japão, Temer minimizou o tema.
Em diplomacia, a reunião bilateral é uma deferência política ou um gesto de proximidade e, não raro, de simpatia entre dois dirigentes políticos.
O russo se reuniu em Goa com o presidente da China, Xi Jinping, com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, e com Jacob Zuma, da África do Sul, mas não teve encontro bilateral com Temer durante os dois dias em que estiveram na Índia para a cúpula.
Segundo o canal de informação Russia Today, a escolha de não se aproximar de Temer se deu em virtude da "mudança brusca", como se referem ao impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff.
Em Tóquio, ao chegar da Índia, Temer não se referiu ao fato de não ter tido encontro com Putin, mas insinuou, ao contrário, uma certa aproximação com o líder russo.
Ao ser questionado sobre como os líderes estrangeiros haviam reagido em relação à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do teto de gastos, Temer afirmou: "Não só o ministro indiano se interessou, como durante um almoço o ministro Putin, o presidente Putin se interessou vivamente, tanto que eu dei explicações mais variadas sobre o nosso projeto", disse ele.
Sem ser questionado, Temer prosseguiu falando de Rússia: "Há uma identidade muito grande de questões econômicas entre a Rússia e o Brasil". O presidente disse que vai enviar a PEC para Putin.
"Eu fiquei de mandar a documentação da proposta da PEC dos gastos públicos para ele e até para os demais integrantes dos Brics", afirmou.
O presidente disse também estar sendo acolhido nas reuniões que vêm realizando no exterior. "Não vou nem dizer simpatia, mas acolhimento e compreensão das palavras que digo", afirmou Temer.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.