Sede da Petrobras no Rio de Janeiro: Empresa pode ter de pagar indenizações e multas bilionárias caso comprovadas as denúncias de corrupção (Reuters)
Da Redação
Publicado em 18 de janeiro de 2015 às 08h21.
São Paulo, Rio de Janeiro e Nova York - A ação simultânea da Securities and Exchange Comission (SEC), do Departamento de Justiça (DoJ) e dos tribunais norte-americanos indica que virá de fora a artilharia mais pesada contra a Petrobras, se comprovadas as denúncias de corrupção e apurados os prejuízos aos investidores estrangeiros.
O poder de fogo para multas e acordos bilionários do sistema dos Estados Unidos se contrapõe à atuação limitada da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e à falta de proteção aos investidores no Brasil.
O Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, apurou que o Departamento de Justiça dos EUA já enviou técnicos ao Rio de Janeiro para investigar as denúncias.
Especialistas afirmam que as indenizações e multas aplicadas à Petrobras podem superar os valores de casos emblemáticos, como o da elétrica Enron, cujas fraudes contábeis terminaram em acordo de US$ 7,2 bilhões em 2006.
Por aqui, a CVM está ligada ao Ministério da Fazenda, o que acaba abrindo questionamentos sobre seu poder para atuar em casos ligados a empresas controladas pelo governo federal. Além disso, a autarquia tem papel administrativo e o valor de suas multas é restrito.
O Poder Judiciário também é mais lento e tem menos tradição em ações de reparação ao investidor. "A lei e o Poder Judiciário nos EUA são mais rígidos e fazem com que se tenha punições mais graves e economicamente maiores para as empresas do que no Brasil", diz o advogado do Almeida Advogados, André de Almeida, que se associou ao escritório Wolf Popper para abrir uma ação coletiva contra a Petrobras nos EUA.
Para ele, a Petrobras "tem grande influência na sociedade brasileira" e, por isso, a SEC pode ser mais independente para julgá-la.
Em entrevista ao Estado na última semana, o presidente da CVM, Leonardo Pereira, descartou qualquer constrangimento do órgão em investigar e punir a União, controladora da Petrobras, caso necessário. "Não é verdade que a CVM só agiu por causa da SEC", afirmou.
A estrutura tecnológica, os recursos humanos e poderes de investigação da CVM ainda estão aquém de seu par americano. A brasileira tem um quadro de 500 pessoas e orçamento na casa dos R$ 300 milhões. Já a SEC solicitou US$ 1,7 bilhão em recursos para 2015 e tem 4 mil funcionários. Só em 2014, arrecadou US$ 4,2 bilhões em penalidades, em 755 ações.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.