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PT vai usar crise para tentar anular impeachment

O PT vai usar a primeira crise do governo Michel Temer para tentar anular o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff


	Senado: parlamentares do PT querem aproveitar crise no governo provisório para tentar anular impeachment de Dilma
 (REUTERS/Ueslei Marcelino)

Senado: parlamentares do PT querem aproveitar crise no governo provisório para tentar anular impeachment de Dilma (REUTERS/Ueslei Marcelino)

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Da Redação

Publicado em 24 de maio de 2016 às 08h39.

Brasília - O PT vai usar a primeira crise do governo Michel Temer para tentar anular o processo de impedimento da presidente Dilma Rousseff.

Mesmo com o afastamento rápido do ex-ministro Romero Jucá - depois que veio à tona um diálogo no qual o senador diz ser preciso mudar o governo para "estancar essa sangria", numa referência à Operação Lava Jato -, senadores do PT farão de tudo para paralisar a comissão do impeachment.

Embora até o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva considere difícil Dilma retornar ao Palácio do Planalto, após o julgamento final no Senado - previsto para ocorrer entre agosto e setembro -, os problemas no início da gestão Temer animaram o PT.

Sob comando de Lula, será reforçada a ofensiva para reverter seis votos de senadores que votaram pela deposição da presidente. A ideia é bater na tecla de que o processo foi "contaminado" por desvios de finalidade.

"Se alguém ainda não tinha certeza de que há um golpe em curso, baseado no desvio de poder e na fraude, as declarações fortemente incriminatórias de Jucá sobre os reais objetivos do impeachment e sobre quem está por trás dele eliminam qualquer dúvida", afirmou Dilma, na noite de segunda-feira, 23, na abertura de um congresso de trabalhadores na agricultura familiar.

Aplaudida pela plateia, formada por cerca de 700 pessoas, a presidente afastada disse que a gravação de um diálogo entre Jucá e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado "escancara" o modus operandi do que chamou de "consórcio golpista".

Sob gritos de "Fora Temer" e "Não vai ter golpe", Dilma declarou que continuará lutando para defender o seu mandato e criticou o ministério montado pelo presidente em exercício. "Os brasileiros não elegeram um governo só de homens, brancos, ricos e velhos."

Dilma passou o dia em reunião com antigos auxiliares, no Palácio da Alvorada. Antes do almoço, chamou o ex-ministro da Secretaria de Governo Ricardo Berzoini e pediu que ele desse o tom da reação petista ao escândalo envolvendo Jucá.

"Exigimos a demissão de Romero Jucá e a investigação da relação de Temer com esse diálogo", disse Berzoini.

Em sua conta no Twitter, o presidente do PT, Rui Falcão, escreveu que a "Operação Lava Jato acabou por se tornar instrumento da escalada golpista".

Dirigentes e ex-ministros do PT foram informados de que Machado fechou delação premiada com o Ministério Público e também teria denunciado Renan e o ex-presidente José Sarney (PMDB-AP).

Renan disse na segunda que, por causa da antecipação da sessão do Congresso que analisará a revisão da meta fiscal - marcada para esta terça - a reunião da comissão do impeachment foi adiada para a quarta-feira, 25. "Não tomei conhecimento de delação", desconversou ele.

No diálogo com Jucá, ocorrido semanas antes da votação do impeachment na Câmara, Machado falou sobre o esquema de corrupção na Petrobras.

"Jucá foi o grande articulador do impeachment no Senado e, agora, aparece dizendo que a montagem do governo Temer previa um pacto para encerrar investigações da Lava Jato", destacou o senador Lindbergh Farias (PT-RJ). "É claro que o impeachment está contaminado."

A estratégia de Dilma e do comando petista será bater na tecla de que Jucá representa, no Senado, o mesmo que Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi na Câmara. Cunha deu o pontapé inicial para o impeachment e acabou afastado do comando da Casa por decisão do Supremo Tribunal Federal. Réu na Lava Jato, ele é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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