Moro: ministro teve supostas conversas com procuradores vazadas (Ueslei Marcelino/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 29 de julho de 2019 às 19h11.
Última atualização em 29 de julho de 2019 às 19h15.
O PT entrou nesta segunda-feira, 29, com um pedido de investigação contra o ministro da Justiça, Sergio Moro, na Procuradoria da República no Distrito Federal (MPF). A sigla defende que ele cometeu prevaricação e abuso de autoridade no processo eleitoral do ano passado. Além disso, o partido vai fazer também uma representação ao Ministério Público Eleitoral.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, citou como base para os pedidos as supostas trocas de mensagens obtidas nas contas do aplicativo Telegram de integrantes da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba e, desde o início de junho, divulgadas pelo site The Intercept Brasil e outros veículos de imprensa.
Segundo o site, as conversas indicam conluio entre procuradores e o então juiz do caso. Os alvos dos ataques negam irregularidades e afirmam não ser possível confirmar a autenticidade dos diálogos.
"Quem foi prejudicado foi o povo brasileiro e a democracia brasileira", disse Gleisi, emendando uma crítica ao presidente Jair Bolsonaro: "Isso ajudou um homem que é louco (Bolsonaro), um louco com método porque ele sabe o que quer atingir. Ele está levando o País a uma crise sem precedente".
Na semana passada, quatro suspeitos de invadir celulares de autoridades dos três Poderes, incluindo Bolsonaro, foram presos. Neste processo, Moro telefonou a algumas das vítimas para comunicar os ataques. Ele também sugeriu que as mensagens seriam destruídas por terem sido obtidas de forma ilegal.
Essas ações do ministro estão sendo questionadas pela oposição. Gleisi reforçou que o partido quer convocar Moro ao Congresso para prestar esclarecimentos e que pode até usar a CPI das Fakes News para fazer isso.
A presidente do PT criticou ainda a fala do presidente Jair Bolsonaro sobre Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira, pai do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz.
Mais cedo, Bolsonaro disse que pode "contar a verdade" sobre como o pai de Santa Cruz desapareceu na ditadura militar. "Um dia, se o presidente da OAB quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar, eu conto pra ele. Ele não vai querer ouvir a verdade", disse o presidente.
Gleisi classificou a declaração de Bolsonaro como um caso de "banditismo na Presidência da República". "Nós avaliamos que ele é um criminoso confesso", afirmou a petista.
Fernando Augusto foi preso pelo governo em 1974 e nunca mais foi visto. Em 2012, no livro "Memórias de uma guerra suja", o ex-delegado do Dops Cláudio Guerra revelou que o corpo dele foi incinerado no forno de uma usina de açúcar.
Ele era integrante do grupo Ação Popular (AP), organização contrária ao regime militar.