Lula: para o presidente, o PT "acordou para o processo de criminalização que tentam lhe imputar" (Lula/Facebook/Divulgação)
Estadão Conteúdo
Publicado em 21 de setembro de 2017 às 14h53.
São Paulo - O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira, 21, que o Partido dos Trabalhadores está "abrindo as portas para a sociedade brasileira, a fim de fazer algo melhor", em evento de lançamento do programa O Brasil Que o Povo Quer, que vai coletar contribuições de todos os brasileiros na internet para a formulação e proposição de uma nova proposta ao País.
"Estamos desafiando o povo brasileiro, a todos, a participar ativamente e dizer ao PT o que eles querem para o País", afirmou.
O ex-presidente abriu sua fala apresentando um cartão do Bolsa Família que foi devolvido a ele por uma ex-beneficiária do programa em Aracaju. "Hoje ela fez a faculdade, tem doutorado e família, e trabalha fazendo cadastro do Bolsa Família", declarou Lula, que se mostrou incomodado com as críticas que o programa recebeu ao longo do tempo.
"De vez em quando, vejo pessoas falar em consumo como se fosse algo nefasto, mas não consigo ver produção sem consumo. Ora, o consumo é a base do desenvolvimento produtivo em qualquer lugar no mundo", afirmou Lula.
A atuação do Ministério Público Federal e do sistema judiciário foi criticada por Lula, que lembrou o episódio do Power Point apresentado por procuradores.
"Finalmente o PT acordou para o processo de criminalização que tentam lhe imputar. Disseram no Power Point que criamos um partido para roubar o Brasil, esse Power Point é uma grande mentira, temos de reagir." Lula apontou que são os procuradores que devem provar sua culpa, e não ele que deve provar a inocência.
"Eles mexeram com quem não deveriam mexer, com político que não roubou e tem sua honra para defender", disse o ex-presidente. Segundo ele, o processo de criminalização da sigla é baseado em mentiras. "A imprensa mente, a Polícia Federal faz inquérito mentiroso, o Ministério Público faz denúncia mentirosa e a Justiça aceita", comentou.
Lula disse também que "em vez de ganhar ricas diárias em Curitiba, MP deveria fiscalizar a merenda escolar" e considerou delegados da Polícia Federal "verdadeiros analfabetos políticos".
Lula disse que não espera um pedido de desculpas por parte de seus investigadores. "Eles conseguem jogar lama nas pessoas e depois não pedem desculpas. Só pede desculpas quem tem grandeza, não é todo mundo que tem grandeza."
O ex-presidente e principal nome do PT para as eleições presidenciais do ano que vem falou ainda sobre a necessidade de renovação do partido, argumentando que precisa fazer "escolinha de base, como no futebol". Em sua avaliação, o partido carece e precisa produzir novos dirigentes, "gente com a cabeça no século 21, com a cabeça para frente e mais esperta que eu".
Lula frisou que a educação deve ser prioridade no País e criticou o projeto de gestões anteriores à do PT sobre o tema, dizendo que parte da elite brasileira "foi canalha" e não se preocupou com o tema.
Ele explicou que, quando o acesso ao ensino é ampliado, a economia também se beneficia. "Não vamos ter medo do que as pessoas vão falar desse nosso projeto. A marca do PT é o aprendizado da convivência democrática na adversidade", disse Lula se declarando otimista com a contribuição popular à plataforma e criticando também a decisão recente de um juiz de Brasília favorável à 'cura gay'. "Não aceitamos voto de juiz que acha que homossexualidade é coisa de psicólogo."