Passageiros no interior da Estação Pinheiros, da Linha 4 - Amarela, do Metrô de São Paulo (ALEXANDRE BATTIBUGLI/EXAME)
Da Redação
Publicado em 5 de agosto de 2014 às 21h13.
Brasília - O PT anunciou nesta terça-feira que instalará na tarde de amanhã a CPI Mista para investigar irregularidades nas obras do Metrô de São Paulo e do Distrito Federal.
Trata-se de uma resposta à estratégia da oposição de aproveitar a denúncia de uma armação na CPI da Petrobras, segundo a qual funcionários do governo e da estatal entregaram previamente as perguntas que seriam feitas a integrantes da cúpula da empresa na comissão.
A decisão foi tomada na noite de hoje após um dia repleto de troca de acusações. O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), defendeu a atuação do relator da CPI, José Pimentel (PT-CE).
"A CPI era parte de uma estratégia política da oposição para desqualificar o governo e atingir a presidenta Dilma", criticou , ao destacar que não havia razão para se abrir uma CPI, uma vez que os casos que envolviam a Petrobras estavam sob a investigação de outros órgãos. Para ele, o vídeo trazido à tona pela revista Veja no final de semana é um "ajuntamento de tolices".
"É um factoide", completou o ex-líder do PT no Senado Wellington Dias (PI).
Costa afirmou que não há crime na troca de informações entre as assessorias da CPI e da Petrobras. "Isso acontece em qualquer CPI, qualquer comissão. É absolutamente normal e natural", constatou.
Os petistas cobraram ainda investigação de casos envolvendo o PSDB, como o do aeroporto de Aécio e o do cartel do Metrô em São Paulo.
Costa disse achar "horrível" fazer prejulgamento, mas defendeu que é preciso apurar o caso da construção do aeroporto.
"Aqui não estamos acusando de nada. Porém, ao surgir uma farsa, que é farsa na verdade, os dedos acusadores da oposição e da mídia se voltam para pessoas dignas", disse.
Aloysio Nunes Ferreira, líder do PSDB no Senado e candidato a vice na chapa de Aécio Neves (PSDB), rebateu os oradores do PT e disse que quem está "pastando" na Petrobras é quem está promovendo negócios lesivos na estatal.
O tucano disse que a combinação das perguntas e respostas tem por objetivo blindar a presidente Dilma Rousseff. "O Senado foi aviltado", disse.
O presidente do DEM e coordenador-geral da campanha de Aécio, Agripino Maia (DEM-RN), afirmou que os fatos não foram criados pela oposição. Em réplica, Humberto Costa disse que há um desejo de "forçar a barra" por causa da eleição de outubro.
Num princípio de tumulto, o petista citou que foi o governo do PSDB quem quis privatizar a estatal. "Isto é mentira", rebateu, fora do microfone, Aloysio Nunes.
Os presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da CPI da Petrobrás, Vital do Rêgo (PMDB-PB), decidiram tomar providências para investigar as suspeitas de que houve uma combinação de perguntas e respostas entre integrantes da comissão e a cúpula da estatal.
Renan disse ter determinado a abertura da apuração interna para esclarecer todas as responsabilidades do episódio, mas negou que haja necessidade de suspender os trabalhos durante as investigações.
Vital pediu ao diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, que investigue as suspeitas. Ele entregou pessoalmente pela manhã ao diretor-geral da PF um ofício no qual pede a investigação do caso.