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PSOL irá processar desembargadora por fala sobre Marielle Franco

No Facebook, desembargadora insinuou que Marielle Franco teria laços com o crime, um dos rumores sobre a vida da vereadora que circulam pelas redes sociais

Marielle Franco, vereadora do PSOL morta no Rio de Janeiro (PSOL/Divulgação)

Marielle Franco, vereadora do PSOL morta no Rio de Janeiro (PSOL/Divulgação)

Gabriela Ruic

Gabriela Ruic

Publicado em 18 de março de 2018 às 10h03.

Última atualização em 18 de março de 2018 às 10h04.

São Paulo – O PSOL informou que irá entrar com uma representação contra a desembargadora Marília Castro Neves, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), depois de a magistrada ter alegado que a vereadora Marielle Franco, morta na última quarta-feira, tinha laços com o crime organizado.

A desembargadora se manifestou sobre o tema no Facebook, no espaço para comentários em uma postagem feita pelo advogado Paulo Nader. “A questão é que a tal Marielle não era apenas uma ‘lutadora’, ela estava engajada com bandidos! Foi eleita pelo Comando Vermelho e descumpriu ‘compromissos’ assumidos com seus apoiadores. Ela, mais do que qualquer outra pessoa ‘longe da favela’ sabe como são cobradas as dívidas pelos grupos entre os quais ela transacionava”, disse ela.

As informações nas quais ela se baseou, no entanto, vieram de um texto que teria sido compartilhado por uma amiga, contou ela à coluna da jornalista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S. Paulo. “Eu postei as informações que li no texto de uma amiga”, contou sem mencionar qualquer coisa sobre a legitimidade das acusações que trazidas à tona.

“De forma absolutamente irresponsável, a desembargadora entrou na “narrativa” que vem sido feita nas redes sociais para desconstruir a imagem de Marielle, do PSOL e da luta pelos direitos humanos”, comentou o PSOL. Ao jornal Folha de S. Paulo, um vereador ligado ao partido disse, ainda, que uma ação criminal por calúnia e difamação será movida contra a magistrada.

O PSOL informou, ainda, que estuda ações contra o deputado federal Alberto Fraga (DEM/DF), que teria divulgado nas redes sociais que Marielle engravidou aos 16 anos e fora esposa do traficante Marcinho VP.

Boatos sobre Marielle Franco são verdadeiros ou falsos?

Desde que a notícia da morte de Marielle veio à tona, uma série de boatos sobre suas atividades começaram a circular em correntes pela internet e no WhatApp. As principais acusações são as de que ela teria sido eleita pela organização criminosa. e que teria sido casada com o traficante Marcinho VP.

Os sites especializados na checagem de rumores e informações sobre diferentes temas, Boatos.org e Aos Fatos, no entanto, avaliaram todas as alegações que vem circulando sobre Marielle e desmentiram todas elas.

Morte

Na última quarta-feira (14), Marielle foi morta com três tiros na cabeça e um no pescoço quando ia para casa, de carro, com o motorista Anderson Gomes, de 39 anos, assassinado com três tiros pelas costas. Uma assessora, que estava ao lado da vereadora, sobreviveu.

A polícia segue investigando o caso para entender quais as razões por trás do crime. Uma das hipóteses a de que ela foi executada de forma premeditada por suas atividades como parlamentar.

Marielle era ativista de direitos humanos e vinha acompanhando a intervenção federal na segurança pública do Rio na condição de vereadora, como forma de coibir abusos das Forças Armadas e da polícia contra moradores de comunidades.

Há alguns dias, recebeu denúncias envolvendo PMs que patrulham a Favela de Acari, na zona norte do Rio. A vereadora compartilhou a notícia em seu perfil no Facebook, com a inscrição ‘Somos todos Acari, parem de nos matar” no último sábado (10).

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