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PSL não fecha apoio oficial a protesto mas libera filiados para participar

Presidente do partido afirmou que manifestações não tem "sentido" e Bolsonaro decidiu não ir, mas parte dos deputados vai e está convocando apoiadores

Apoio a Bolsonaro: há atos previstos em pelo menos 60 cidades no próximo domingo (Nacho Doce/Reuters)

Apoio a Bolsonaro: há atos previstos em pelo menos 60 cidades no próximo domingo (Nacho Doce/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 21 de maio de 2019 às 20h06.

Última atualização em 21 de maio de 2019 às 20h16.

Brasília - Após reunião da bancada, o PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, liberou seus filiados a participar das manifestações de ruas convocadas para o próximo domingo, 26.

A legenda, porém, evita apoio institucional ao evento. "É um movimento espontâneo, nascido das ruas e todos estão liberados a participar", disse o presidente do PSL, Luciano Bivar. Mais cedo, Bivar havia se manifestado contrário às manifestações.

"Nós fomos eleitos democraticamente, institucionalmente, não há crise ética, não há crise moral, estão se resolvendo os problemas das reformas, então eu vejo sem sentido essa manifestação, mas toda manifestação é válida, é um soluço do povo para expressar o que ele está achando", disse.

A mudança de posicionamento ocorreu após ter sido convencido pela ala da bancada interessada em apoiar as manifestações.

Uma das defensoras dos protestos, a deputada Carla Zambelli (PSL-SP) afirmou que vai ao ato para defender o pacote anticrime, as reformas econômicas e o Coaf com Sergio Moro, e prevê mais de 500 mil manifestantes na Avenida Paulista, em São Paulo.

O próprio presidente Jair Bolsonaro afirmou a aliados, nesta terça-feira, 21, que não vai comparecer às manifestações em apoio ao seu mandato.

Indagado pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub, se os ministros poderiam participar do evento, o presidente teria respondido que seria melhor o governo não se envolver sob a justificativa de demonstrar "respeito pelo cargo e por suas responsabilidades".

Líderes de governo na Câmara e no Congresso, os deputados Major Vitor Hugo (PSL-GO) e Joice Hasselmann (PSL-SP), respectivamente, não participaram da reunião de bancada.

Eles vêm destacando a importância das pautas do governo no Congresso, mas não falaram explicitamente sobre os atos para seus seguidores

Também não compareceram o deputado Eduardo Bolsonaro ou seu irmão, senador Flávio Bolsonaro. Ambos são filiados à legenda.

Há atos previstos em pelo menos 60 cidades, em todas as capitais e no Distrito Federal. Ainda que o objetivo central seja o apoio às pautas do Planalto como a Previdência, o pacote anticrime do ministro Sergio Moro e a Medida Provisória 870 - que reorganiza a estrutura do governo e está sob ameaça -, alguns grupos defendem do enfrentamento ao Centrão à criação da CPI da Lava Toga, além do impeachment de ministros do Supremo como Alexandre de Moraes, Dias Toffoli e Gilmar Mendes.

Balanço

Levantamento da reportagem nas redes sociais dos 54 deputados do PSL identificou que pelo menos 19 fizeram convocações. Outros parlamentares destacaram nas redes a importância das pautas do governo no Congresso, mas não falaram explicitamente sobre os atos.

O deputado federal Luiz Phelippe de Orléans e Bragança afirmou que o povo deve ir para as ruas exercer o voto de confiança no governo. "Se você confia no Centrão para combater à corrupção, aumentar a segurança e promover crescimento econômico fique em casa. Eu vou para a rua", escreveu.

Alexandre Frota (SP), um dos defensores da reforma da Previdência, também apoia os atos: "A minha posição é a de sempre desde 2014. Eu luto pelo Jair. A esquerda faz seu trabalho sujo, mas a gente passa por cima", afirmou.

Márcio Labre (RJ) diz que o ato é legítimo dos que apoiam o presidente e que o momento é de "chantagens de traições em curso".

Dos quatro parlamentares do PSL no Senado, dois se manifestaram - Major Olímpio (SP) e Soraya Thronicke (MS).

Na terça, Olímpio admitiu que as manifestações já têm pautas que não eram as originais da mobilização proposta por ele e pelo movimento "Avança Brasil". Ele diz ter recebido sinalizações de mais de cem cidades paulistas interessadas em participar do evento.

"A manifestação ganhou outras conotações, até mesmo de censura de partidos políticos, mas esse não é o nosso objetivo. É uma manifestação pró-Bolsonaro, contra a corrupção, pela diminuição do Estado e em apoio ao pacote anticrime do governo", destacou.

Já na opinião de Soraya Thronicke, os partidos do Centrão se movimentam para boicotar o governo pensando na próxima eleição e devem ser o alvo dos protestos no próximo domingo.

"É um boicote, para mim está claro. É um boicote com intenção eleitoral para se eleger, para não dar certo esse governo porque daí eles voltam", disse na segunda. "A pauta (da manifestação) tem que ser muito específica, certeira e pontual: cobrar os parlamentares, cobrar o Centrão."

Flávio Bolsonaro (RJ) e Juíza Selma Arruda (MT) não falaram sobre os atos.

A deputada estadual Janaina Paschoal (PSL-SP), que chegou a ser cogitada para o cargo de vice, pediu para que as convocações parassem no último fim de semana e sinalizou até que poderia sair do partido.

"Pelo amor de Deus, parem as convocações! Essas pessoas precisam de um choque de realidade. Não tem sentido quem está com o poder convocar manifestações! Raciocinem!", escreveu.

"Não se permitam usar! Não me calei diante dos crimes da esquerda, não me calarei diante da irresponsabilidade da direita", afirmou Janaina.

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