São Paulo - Com a derrota de seu candidato à presidência da República Aécio Neves, o PSDB vai precisar se fortalecer como oposição, a fim de chegar a 2018 com chances de vitória, de acordo com o cientista político Humberto Dantas.
“É preciso entender como o partido quer se apresentar como oposição agora. Chegamos ao absurdo de ouvir do PT que a principal oposição no País eram o judiciário e a imprensa”, afirma Dantas.
Dantas lembra, por exemplo, que os partidos da oposição não souberam capitalizar as manifestações sociais de junho de 2013.
“A maioria da população queria mudança. Em algum instante a oposição falhou, pois o PT conseguiu mostrar que ele próprio é a mudança. É estranho. É um desafio fora dos padrões mostrar que o governo vai mudar sem mudar”, argumenta.
Para o cientista político José Augusto Guilhon Albuquerque, a derrota “leva a uma perda da relevância nacional do PSDB”.
“Em relação aos outros tucanos que concorreram, Aécio Neves se saiu melhor. Chegou ao segundo turno ameaçando Dilma. Acontece que a derrota dele leva a uma perda da relevância nacional do PSDB”, afirma.
Para Albuquerque, essa situação se explica em parte pelo foco mais regional dos líderes tucanos. “O partido chegou a isso porque está sendo controlado por caciques regionais, com pouca projeção nacional. Os caciques regiões saem dessa eleição fortalecidos, mas nacionalmente o partido sai enfraquecido”, afirma.
Apesar da situação adversa, o PSDB deve continuar como principal alternativa de oposição na campanha presidencial de 2018, avalia Dantas.
“Acho pouco provável que surja uma candidatura extraordinária. Marina Silva pode ser uma opção. No entanto, se agora ela não conseguiu, imagine com a Rede Sustentabilidade. Será um partido novo e minúsculo. Ainda vão ter que comer muita grama”, afirma.
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1. Aécio Neves
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1/13 (Marcos Fernandes/Coligação Muda Brasil)
São Paulo -
Aécio Neves (PSDB) foi protagonista de uma das principais viradas das
eleições 2014. Depois de ficar isolado na terceira posição das pesquisas de intenção de votos durante um bom período do primeiro turno, ele desbancou Marina Silva (PSB) e chegou a ser cotado como favorito nas sondagens das primeiras semanas do 2º turno. Só no início da última semana da corrida eleitoral, Dilma Rousseff (PT) conseguiu ultrapassar o candidato nas pesquisas. Herdeiro político de Tancredo Neves, de quem é neto, Aécio foi governador de Minas Gerais e senador. Veja a seguir os principais momentos da trajetória do candidato.
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2. Infância
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2/13 (Arquivo Pessoal/aecioneves/Flickr)
Aécio Neves nasceu no ano de 1960, em Belo Horizonte, no estado de Minas Gerais. Filho de Aécio Cunha e Inês Maria, ele faz parte de uma família de políticos tradicionais do estado. Na foto, Aécio está no colo de sua mãe, Inês Maria, e ao lado de sua avó, Dona Risoleta, e sua irmã, Andrea Neves.
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3. Herança política
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3/13 (Wikimedia Commons)
A relação familiar e política mais conhecida de Aécio é com seu avô, Tancredo Neves, que ficou conhecido por ter marcado o ínicio do processo de redemocratização do país. Ele foi eleito presidente do Brasil em 1985, mas morreu antes de tomar posse. Em 1981, Aécio foi convidado pelo avô a trabalhar na campanha deste para o governo de Minas Gerais. Dois anos depois, Aécio seria o secretário particular de Tancredo Neves, já quando o avô era governador do estado. Na foto, Aécio e Tancredo estão juntos no Palácio da Liberdade, em 1983.
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4. Em memória
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4/13 (Mauro Homem/Aécio Neves/flickr)
Nos anos seguintes, Aécio participou do movimento das "Diretas Já", que reivindicava eleições presidenciais diretas no Brasil, e da campanha de Tancredo Neves pela Presidência da República. Ele foi eleito de forma indireta, mas faleceu antes de assumir o cargo de primeiro presidente do Brasil após o fim da ditadura. Durante a campanha deste ano, o caso foi citado diversas vezes pelo candidato. Na foto, Tancredo e Aécio estão com representantes do PMDB Jovem, no Palácio das Mangabeiras, em 1984. Aécio Neves foi presidente da ala jovem do partido em Minas Gerais.
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5. Eleito deputado federal em 1986
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5/13 (Arquivo da Câmara dos Deputados/aecioneves/Flickr)
Eleito em 1986, Aécio Neves representou Minas Gerais na Câmara dos Deputados por quatro mandatos seguidos. Na primeira vez, ele concorreu pelo PMDB.
Em seu primeiro mandato, ele participou da instalação da Assembléia Nacional Constituinte e da promulgação da nova Constituição, em 5 de outubro de 1988. No ano seguinte, filiou-se ao PSDB. Na foto, Aécio Neves participa da Mesa Diretora na Câmara dos Deputados, em 1990.
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6. Em 2001, virou presidente da Câmara
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6/13 (Arquivo da Câmara dos Deputados/aecioneves/Flickr)
Depois de ser líder do PSDB na Câmara dos Deputados, de 1997 a 2000 (com reeleição anual), Aécio Neves foi escolhido como presidente da Câmara, em 2001.
De acordo com sua biografia, entre suas principais realizações, destacam-se a articulação política que possibilitou a criação do Conselho de Ética, a implantação do Código de Ética e Decoro Parlamentar e o fim da imunidade parlamentar para crimes comuns. Na foto, Aécio Neves comemora sua eleição para a presidência da Câmara dos Deputados, com 283 votos dos 512 deputados presentes.
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7. Eleito governador com 60% dos votos
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7/13 (aecioneves/Flickr)
Durante os debates e propagandas eleitorais, Minas Gerais foi assunto recorrente durante a campanha deste ano - seja nos debates ou nas propagandas eleitorais. Não é por acaso. Com 60% dos votos válidos, ele foi o primeiro governador a ser eleito em primeiro turno na história do estado. Ele tomou posse em 2003, sucedendo Itamar Franco. Na foto, a cerimônia de posse do governo de Minas Gerais, nesse mesmo ano. Em 2006, Aécio foi reeleito governador do estado e ficou até 2010. Antonio Anastasia venceu as eleições para o governo de Minas Gerais, continuando o projeto do PSDB. Mesmo tendo saído do governo com uma alta aprovação, alguns setores criticam a condução do governo de Aécio em setores como educação e mídia. Nas eleições deste ano, uma derrota histórica: o petista Fernando Pimentel desbancou Pimenta da Veiga, o herdeiro tucano de Aécio na disputa pelo governo do estado.
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8. No Senado, foco nos bastidores
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8/13 (George Gianni/PSDB)
Em 2010, Aécio é eleito senador por Minas Gerais. Segundo reportagem da
Folha de S. Paulo, a atuação do hoje candidato era focada nos bastidores do Congresso Nacional. Durante os quase quatro anos na função, ele apresentou 20 projetos. Nenhum foi aprovado de forma definitiva.
De acordo com seu site oficial, como parlamentar, ele "tem defendido, de forma especial: a elaboração de um novo pacto federativo; o fortalecimento da ação parlamentar, com a restrição ao uso das medidas provisórias; a redução de impostos; a ampliação dos direitos dos trabalhadores domésticos; o direcionamento de 10% da receita do governo federal para a área de saúde; a mudança no cálculo usado para pagamento dos royalties da mineração".
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9. Em 2013, assume a presidência do PSDB
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9/13 (George Gianni / PSDB)
Em 2013, o senador Aécio foi eleito, no dia 18 de maio, o presidente do PSDB, durante a Convenção Nacional do partido. Ele foi eleito com cerca de 97% dos votos e substituiu o deputado federal Sérgio Guerra, que faleceu em março de 2014 e teria sido citado pelo doleiro Alberto Youssef como um dos beneficiados pelo esquema de corrupção na Petrobras.
Na foto, Aécio Neves comemora sua eleição para a presidência do partido.
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10. Na corrida pelo Planalto
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10/13 (Orlando Brito/Coligação Muda Brasil)
Aécio já tinha sido citado para concorrer às eleições presidenciais de 2010, mas o escolhido foi José Serra. Neste período, o mineiro focou, então, eleição de Antonio Anastasia em Minas. Para as eleições de 2014, novo conflito interno foi travado. Com a desistência de Serra, em dezembro de 2013, Aécio se tornou o único pré-candidato do partido. Sua candidatura foi oficializada em 14 de junho, durante a Convenção Nacional do PSDB, vista na foto acima. Dezesseis dias depois, seu candidato a vice, o senador Aloysio Nunes, foi anunciado.
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11. De virada para o 2º turno
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11/13 (Washington Alves/Reuters)
No primeiro turno das eleições de 2014, Aécio conquistou 33.55% dos votos, superando as previsões feitas por institutos de pesquisa eleitoral. A presidente Dilma Rousseff, que tenta a reeleição, ficou com 41.59% dos votos. Marina Silva (PSB) ficou em terceiro lugar, com 21.32% dos votos, abaixo do que os institutos de pesquisa estimaram.
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12. Marina Silva apoia Aécio Neves
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12/13 (Marcos Fernandes/Coligação Muda Brasil)
Depois que Aécio divulgou uma carta de intenções, Marina Silva, finalmente, declarou apoio ao tucano no último dia 12. Em 17 de outubro, pela primeira vez, ela apareceu ao lado de Aécio em um ato político, na cidade de São Paulo.
Depois do encontro, a ex-senadora também apareceu no horário eleitoral do tucano, destacando o desejo de mudança da população brasileira.
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13/13 (Ueslei Marcelino/Reuters)