Segundo a justificativa de Kassab, a decisão visa a abrir espaço para pedestres nas calçadas, aumentando o bem-estar da população e preservando a paisagem urbana (Fernando Pereira//Secom)
Da Redação
Publicado em 25 de julho de 2012 às 23h56.
São Paulo - O presidente do PSDB de Minas Gerais, deputado Marcus Pestana, acusa o prefeito de São Paulo e presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, de ter reunido a executiva do partido em Brasília, na terça-feira, só para produzir "um factoide e agradar a presidente Dilma Rousseff". O protesto dos tucanos ocorre 24 horas depois de a executiva do PSD ter referendado, por 14 votos a um, a intervenção de Kassab no diretório de Belo Horizonte.
"Estranho essa insistência no erro e a vassalagem excessiva ao governo Dilma. Será porque ele quer ser ministro?", questiona Pestana, certo de que a interferência da executiva nacional no PSD mineiro será inútil, como indicam as duas derrotas que Kassab já sofreu na Justiça. A revolta com a intervenção vai além da interferência do prefeito paulistano para desmontar a aliança com o PSB do prefeito Márcio Lacerda e apoiar o candidato do PT a prefeito, Patrus Ananias.
O que irritou os aliados do senador Aécio Neves (PSDB-MG) foi a tentativa de Kassab de colocar o presidenciável tucano no centro da "operação BH", para sinalizar ao Palácio do Planalto que o PSD de Minas Gerais não é linha auxiliar do adversário de Dilma no projeto da reeleição.
Para o tucanato, não é aceitável a alegação do prefeito de que a parceria com o PT se justifica pelo fato de os tucanos terem engrossado a ação judicial para impedir a divisão do tempo de televisão e dos recursos do fundo partidário com o PSD. O deputado argumenta que não se pode confundir a posição em tese do PSDB, contra a "proliferação anárquica dos partidos" com a estratégia de Aécio.
"Nós não tínhamos interesse nenhum em prejudicar o PSD, que está junto conosco em Minas e enxergamos como futuros aliados", emenda Pestana, ao lembrar que, sem dinheiro e sem tempo de TV, a tendência da nova legenda era se fundir à outra. O temor dos tucanos é que eles fortalecessem o PSB, abrindo caminho para lançar a candidatura ao Planalto do presidente do partido e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, contra Aécio.
É neste contexto que Pestana diz que "seria cômico, não fosse trágico", Kassab focar sua ação contra Aécio no mesmo dia em que o PT e o candidato do partido a prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, "esculhambam a administração dele na prefeitura".
Para o deputado, Kassab atua como "biruta de aeroporto" que, ao sabor dos ventos, apanha em São Paulo e "paga pedágio" em Belo Horizonte. "Parece que ele ainda está na revolução de 32, com os fuzis voltados para o peito dos mineiros e dos gaúchos", provoca Pestana. Ao mesmo tempo em que elogia a postura "íntegra e firme" da senadora Kátia Abreu (PSD-TO) - único voto contra Kassab na reunião da executiva -, ele critica o presidente estadual do partido, Pedro Simão, que apoiou a intervenção. "O Simão não tem voto nem expressão política. Ele é um empresário dependente do governo federal, por conta do programa Minha Casa Minha Vida", encerra o deputado.