Carlos Marun: nome não está descartado para Secretaria de Governo, mas o presidente optou por um recuo tático (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 23 de novembro de 2017 às 10h50.
Brasília - Pressionado pela ala governista do PSDB, o presidente Michel Temer recuou da decisão de nomear nesta quarta-feira, 22, o deputado Carlos Marun (PMDB-MS) para a Secretaria de Governo no lugar do tucano Antonio Imbassahy (BA).
A posse de Marun chegou a ser anunciada pelo Twitter oficial do Palácio do Planalto, mas a mensagem foi logo apagada.
Em um dia marcado por muitas idas e vindas, Temer empossou apenas o deputado Alexandre Baldy (GO) no Ministério das Cidades.
Sob o argumento de que a saída de Imbassahy, neste momento, faria o PSDB votar contra a reforma da Previdência, o senador Aécio Neves (MG) fez um apelo para que o presidente mantivesse o tucano na articulação política até a convenção do partido, em 9 de dezembro.
Em café da manhã com Temer, no Palácio do Jaburu, Aécio também afirmou que a substituição de Imbassahy, agora, atrapalharia o seu plano de convencer o PSDB a não desembarcar.
Duas horas mais tarde, porém, os líderes do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), e da bancada do PMDB, Baleia Rossi (SP), além dos deputados Beto Mansur (PRB-SP) e Darcísio Perondi (PMDB-RS) foram ao Palácio do Planalto acompanhados de Marun. Saíram com a certeza da nomeação do deputado, indicado pelo PMDB, para a cadeira de Imbassahy.
A notícia da posse conjunta de Marun e de Baldy - que entrou no lugar do tucano Bruno Araújo - vazou em instantes e chegou a ser confirmada, em caráter reservado, por ministros do Planalto.
Para tanto, o governo mudou até mesmo o horário da cerimônia, de 15h30 para 17 horas.
O anúncio agradou ao Centrão - bloco que reúne PP, PR, PSD e PTB -, mas contrariou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que é amigo de Imbassahy e tenta fazer um jogo combinado com o PSDB de Aécio.
Nos bastidores, Maia avaliou que a entrada de mais um peemedebista no núcleo político do Planalto - os outros dois são Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral) - também daria excessivo poder ao PMDB.
O jornal O Estado de S. Paulo apurou que o nome de Marun não está descartado, mas o presidente optou por um recuo tático.
Desmentido. Diante do mal-estar com o PSDB, porém, Temer pediu que a Secretaria de Comunicação da Presidência desmentisse que ele tivesse batido o martelo sobre a substituição de Imbassahy.
Minutos depois, no entanto, o Twitter do Planalto anunciava: "Em instantes, acompanhe a cerimônia de posse dos ministros do @MinCidades, @alexandrebaldy, e da Secretaria de Governo, @deputadomarun". Na mensagem, o perfil de Marun foi marcado.
O post com a "gafe" provocou mais um desgaste no Planalto. À noite, a Secretaria de Comunicação Digital reconheceu a publicação como um equívoco.
Maia e Marun conversaram com Temer pouco antes da cerimônia de posse de Baldy. "Não fui convidado oficialmente", desconversou o deputado, que é considerado da "tropa de choque" de Temer na Câmara.
"Se vier a ser, estarei à disposição. Continuo defendendo o governo e a reforma da Previdência", disse. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.