João Doria: candidato defendeu que seu partido deve adotar postura mais dura em relação à segurança pública (Adriano Machado/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 9 de outubro de 2018 às 14h08.
São Paulo - O ex-prefeito João Doria, candidato do PSDB ao governo paulista, defendeu em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo que o partido precisa de um reposicionamento e de uma guinada liberal.
O tucano também disse que as lideranças do PSDB que sobreviverem ao "tsunami" de Jair Bolsonaro (PSL) devem ter mais espaço na direção e justificou a ausência de Geraldo Alckmin em sua campanha na TV.
O PSDB viu sua bancada federal e estadual em São Paulo sofrer uma redução drástica e teve sua pior votação em uma eleição presidencial. É o momento de mudar a configuração da executiva do partido?
O PSDB precisa aprender a lição das ruas e interpretar a sinalização dos eleitores. Independentemente do mau humor da população com os políticos de forma geral, há um distanciamento do PSDB com o sentimento das ruas. É necessário agora dar uma prova de humildade e revisar posicionamento do partido, suas ideias e propostas para o País.
O que seria essa revisão de posicionamento?
O PSDB precisa estar sintonizado com a modernidade e com as expectativas da população. O tema da segurança pública exige uma revisão do PSDB nessa temática. Precisa ser mais duro nas políticas públicas de segurança. Esse é um recado claro.
O prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), defendeu ontem mudanças na executiva tucana e a abreviação do mandato de Geraldo Alckmin à frente do PSDB. É o caso?
Não se trata de buscar culpados ou estabelecer vítimas, mas é importante que o PSDB, ao reavaliar o resultado das urnas após o segundo turno, possa reavaliar também o seus comandos. Isso não significa nenhuma censura à executiva nacional do PSDB, mas é importante que essa revisão possa ser feita. E que ela reflita o sentimento das urnas e as lideranças que sobreviveram a esse tsunami. Aqueles que sobreviverem no segundo turno a esse tsunami deverão ter representatividade na direção nacional do PSDB.
O sr. vai a Brasília para participar da reunião da executiva do PSDB. Vai defender lá que a sigla apoie nacionalmente o nome de Bolsonaro no segundo turno?
Essa é uma decisão do partido, a minha eu já tomei. O meu (apoio) ele terá. É um apoio sem nenhuma contrapartida. Não foi um entendimento com o PSL ou com o candidato. É uma decisão do candidato ao governo de São Paulo.
Alckmin não apareceu na sua campanha durante o primeiro turno na TV. Por quê?
O resultado eleitoral em São Paulo explica. Não havia necessidade de fazer tantas agendas conjuntas aqui. Nós ganhamos a eleição aqui em primeiro lugar. A nossa estratégia foi correta.
O seu pai foi um perseguido político na ditadura. As posições do Bolsonaro elogiando torturadores não lhe constrangem?
Eu declarei apoio ao candidato Bolsonaro por sua posição contra o PT, Haddad e Lula, mas não dei um endosso a todas as suas posições.
O resultado das urna mostra que o PSDB deve dar uma guinada mais liberal e à direita?
Eu não usaria a palavra direita, mas liberal. O PSDB precisa estar mais sintonizado na modernidade. O mundo que prospera é liberal na economia.