Câmara: deputados do PSB indicaram por ampla maioria que o partido não apoiará a candidatura de Maia (Adriano Machado/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 10 de janeiro de 2019 às 20h09.
Brasília - Deputados do PSB se reuniram nesta quinta-feira, 10, em Brasília e, em uma votação consultiva, indicaram por ampla maioria que o partido não apoiará a candidatura do atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) à reeleição.
Participaram da reunião 22 parlamentares e, segundo apurou a reportagem, apenas um deputado mostrou interesse pelo apoio a Maia. A sigla agora espera uma posição de PDT e PCdoB - os três integram um bloco parlamentar -, para tomar uma decisão conjunta sobre quem será o candidato do grupo.
Ao mesmo tempo, há em curso uma articulação para ampliar o bloco de centro-esquerda, com a inclusão do MDB, PP e PTB, o que reuniria 150 deputados. Se o grupo for fechado, é possível que seja definida uma candidatura própria à presidência da Câmara, o que poderia desequilibrar o jogo que, atualmente, é favorável a Maia. O demista já angariou o apoio de ao menos dez partidos.
De acordo com o líder do PSB na Câmara, Tadeu Alencar (PE), o apoio oficial do PSL a Maia teve impacto determinante no sentimento da sigla. "Quando Maia não era visto como um candidato do governo, isso era um ativo dele. Mas, no momento em que o partido do presidente Jair Bolsonaro aderiu à chapa de Maia, sua chapa passou a ser identificada com a agenda do governo", disse.
Para Alencar, Maia foi um bom presidente em sua primeira gestão justamente porque deu espaço para todas as forças políticas da Câmara. "Ele não utilizou instrumentos para atropelar a oposição e deu um relativo equilíbrio para o funcionamento interno da Casa, além de ter tido uma boa postura de independência em relação ao Executivo", afirmou.
Hoje pela manhã, Alencar e os líderes do PDT, André Figueiredo (CE), e do PCdoB, Orlando Silva (SP), se reuniram com Maia no gabinete da Presidência da Câmara. Alencar levou a Maia o descontentamento com as alianças formadas por ele. "Ele nos disse que não fez uma aliança com o governo e sim com o PSL, e que manteria todos os compromissos com a oposição", disse.
A articulação de um bloco mais amplo de centro-esquerda visa garantir espaços importantes na direção da Câmara e no comando das comissões temáticas, que são divididas de acordo com o tamanho dos blocos parlamentares.
Segundo deputados ouvidos pelo Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, não está descartada a possibilidade de o bloco procurar também o PT, que será a maior bancada da Câmara, com 56 deputados. Isso porque havia um acordo de que Maia não procuraria os dois maiores partidos da próxima legislatura - PT e PSL - durante a sua campanha.
Na semana passada, porém, o presidente do PSL, deputado eleito Luciano Bivar (PE), anunciou o apoio oficial da sigla à candidatura de Maia em troca de cargos na Mesa Diretora e em comissões importantes da Câmara. O gestou foi visto por parte da oposição como uma quebra do acordo feito inicialmente.