Aécio Neves e Eduardo Campos em jantar no dia 29 de agosto de 2013 (Reprodução/Instagram/Aecio Neves Oficial)
Da Redação
Publicado em 16 de junho de 2014 às 19h17.
São Paulo - O economista Eduardo Giannetti da Fonseca, que orienta a pré-campanha presidencial de Eduardo Campos (PSB) e Marina Silva, disse não ver grandes diferenças nas propostas econômicas do ex-governador pernambucano e do outro candidato da oposição, Aécio Neves (PSDB).
Em entrevista ao Broadcast Ao Vivo, nesta segunda-feira, Giannetti avaliou que as diferenças entre os dois estão mais nos campos político e social.
"Em relação à política econômica stricto sensu, há uma convergência forte. As diferenças fundamentais das duas propostas estão ligadas a modo de governo", disse.
O economista defendeu que o projeto de Campos e Marina têm uma proposta mais enfática de "renovar as práticas da velha política, no sentido de uma governabilidade calcada em projetos".
"A aliança de Eduardo e Marina se propõe a trazer para o centro da pauta a formação de capital humano e uma responsabilidade ambiental, que são diferenciadas em relação ao que predomina na proposta do candidato Aécio Neves", respondeu Giannetti ao ser questionado sobre quais seriam as diferenças de propostas.
Já sobre a possibilidade de Aécio também defender essas pautas, o economista afirmou que é possível, mas "não com a ênfase, com a centralidade e com a coragem" com que fazem Campos e Marina.
Apesar do apoio declarado às pré-candidaturas de Campos e Marina, a quem já aconselhara na corrida presidencial de 2010, Giannetti refutou qualquer possibilidade de participar de um eventual governo dos dois.
"Não tenho perfil executivo e não seria bom ministro", afirmou. Giannetti disse considerar ter um perfil de intelectual, mais adequado a dar conselhos, e que acredita haver no Brasil pessoas "melhores" para assumirem posições no Executivo.
O economista definiu como fundamentais a realização de reformas política e tributária. Para ele, a diminuição da estrutura do Estado brasileiro dependerá da postura do futuro presidente e também de mudanças institucionais.
"Precisamos voltar a ter uma democracia não calcada em acordos oportunistas de curto prazo, mas democracia que seja baseada na competição de projetos, de ideias", disse o economista, repetindo o discurso de Campos e Marina.
Giannetti, contudo, não detalhou qual seria a reforma política ideal, ressaltando apenas a importância da busca de um novo modelo de governabilidade.
Sobre reforma tributária, o economista ressaltou que ela precisa começar pela simplificação do "modelo labiríntico que nós geramos no Brasil, de complexidade intratável".
Giannetti disse considerar descabido que uma empresa gaste 2,6 mil horas ao ano para recolher os tributos devidos no Brasil.
Segundo Giannetti, uma prioridade seria o compromisso de não aumentar a carga tributária do País, além de apresentar propostas para desonerar os investimentos.
Ele defende também que haja uma política de desoneração da folha salarial, mas de forma horizontal: "(Deve ser feita) não de modo setorial e caso a caso, mas uma coisa homogênea e horizontal, para que realmente diminua o peso dos impostos que incidem sobre salário e que oneram muito o custo de produção em dólar no Brasil".