O presidente do PSB, Roberto Amaral, e a candidata Marina Silva (Valter Campanato/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 21 de agosto de 2014 às 19h01.
Brasília - Na corrida contra o tempo para dar a arrancada na campanha de Marina Silva à Presidência pelo PSB, socialistas e marineiros tentam remover as diferenças, pressionados pelo desembarque do coordenador de campanha e ainda sob choque com a morte de Eduardo Campos.
O partido, que conseguiu oficializar na quarta-feira após horas de negociações, os nomes de Marina Silva como candidata à Presidência e do deputado federal Beto Albuquerque (PSB-RS) como vice, corre atrás do prejuízo, uma vez que há uma semana as ações estão paralisadas por causa da tragédia com Campos e das decisões políticas que tiveram que ser tomadas.
Além das articulações internas, o partido teve nesta quinta-feira uma nova rodada de negociações com partidos da coligação.
Ao todo, cinco partidos --PPL, PPS, PRP, PSL e PHS-- compõem a aliança junto com o PSB e quatro deles já manifestaram apoio à composição da chapa.
A ex-senadora deve ainda se reunir na sexta-feira com o presidente do PSL, Luciano Bivar, aliado que manifestou descontentamento com a condução do PSB para formatar a nova chapa.
Em meio a tantos ajustes, o PSB ainda teve que debelar no meio do caminho uma crise no comando da campanha, com a saída do coordenador-geral, o socialista Carlos Siqueira, ligado a Campos.
Depois de alterações propostas por Marina na quarta, Siqueira decidiu deixar o cargo. Ao chegar à reunião com os partidos da coligação nesta quinta na sede do PSB, em Brasília, Siqueira declarou que a nova candidata deveria escolher o seu novo coordenador.
“Eu estava numa coordenação de uma pessoa que era do meu partido e que eu tinha estrita confiança e agora terminou essa fase”, afirmou, referindo-se a Campos.
Ao deixar o local, ele disparou contra Marina, dizendo que ela não representa o legado de Campos.
"Como hospedeira da instituição, ela deveria respeitar essa instituição. Quando se está em uma situação como hospedeira, como ela é, tem que se respeitar a instituição, não se pode querer mandar na instituição. Ela que vá mandar na Rede dela, porque no PSB mandamos nós", disse.
A ex-senadora filiou-se ao PSB em outubro do ano passado, no último dia permitido por lei para que candidatos que pretendiam disputar a eleição deste ano se filiassem a algum partido.
Ela decidiu se aliar a Campos após não conseguir viabilizar junto à Justiça Eleitoral a criação de seu próprio partido, a Rede Sustentabilidade.
Mais cedo, Marina havia dito que o organograma da campanha estava mantido da forma como Campos --que morreu num acidente aéreo na semana passada-- o concebeu e ressaltou que houve alteração apenas no comitê financeiro.
"A única mudança que aconteceu foi no comitê financeiro, que terá que ser criado um novo comitê financeiro, e que o Bazileu (Margarido) saiu do comitê de coordenação-geral.
Ele era o coordenador-adjunto e foi para o comitê financeiro", disse Marina a jornalistas, acrescentando que Walter Feldman assumiu a coordenação-executiva na campanha.
Nesta quinta, Marina teve que cancelar parte dos compromissos que tinha agendados, inclusive uma rodada de entrevistas, pois há forte pressão para que a campanha seja retomada.
Ela e o vice viajam a São Paulo para gravar imagens para os programas e fazer sessões de fotos para substituição do material de campanha.
O partido, ainda de luto, se viu pressionado a formar a nova chapa até sexta-feira, segundo prazo do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e a refazer toda a estratégia da propaganda no rádio e na TV, que começou nesta semana.
O lançamento nas ruas da nova chapa será em Recife, num grande ato no sábado.
Em pesquisa Datafolha divulgada na madrugada de segunda-feira, no cenário de primeiro turno Dilma apareceu com 36 por cento das intenções de voto, seguida por Marina com 21 por cento e Aécio Neves, candidato do PSDB, com 20 por cento. A margem de erro da sondagem é de 2 pontos percentuais.
Em simulação de um eventual segundo turno com a presidente Dilma, Marina apareceu na pesquisa com 47 por cento contra 43 por cento da petista.
Na campanha, no entanto, há ainda certa angústia com os próximos dias, uma vez que Marina tem que assumir as ações políticas e tomar pé da situação administrativa da campanha e, ao mesmo tempo, se preparar para uma agenda pesada de debates e entrevistas.
A ex-senadora se opôs a algumas das alianças regionais firmadas pelo PSB, como a feita em São Paulo com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e a fechada no Rio de Janeiro, com o candidato do PT ao governo do Estado, Lindbergh Farias.
Após a morte de Campos os socialistas disseram que ela subiria apenas a palanques em que se sentisse confortável.
Também houve necessidade de ajustes no financiamento da campanha. O PSB passará a não aceitar doações de empresas dos setores de bebidas, fumo, agrotóxicos e armamentos.
O novo coordenador do comitê financeiro, disse que esta era uma diretriz da Rede Sustentabilidade, mas que não estava sendo imposta ao PSB enquanto a cabeça de chapa era ocupada por Campos.