Mesmo com as aprovações dos projetos, os manifestantes voltaram às ruas de Brasília nesta quarta-feira (Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 26 de junho de 2013 às 22h28.
Brasília - O Congresso Nacional correu nos últimos dias para analisar e colocar em votação projetos que fazem parte da pauta de reivindicações dos manifestantes que tomaram as ruas do país nos últimos dias, mas o esforço não está sendo suficiente para parar os protestos.
O Senado Federal aprovou nesta quarta-feira um projeto que qualifica a corrupção e outros delitos contra a gestão pública como crime hediondo, e a Câmara dos Deputados rejeitou na véspera a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 37 que limitava os poderes de investigação do Ministério Público, duas das reivindicações dos manifestantes.
A Câmara dos Deputados também aprovou na madrugada desta quarta-feira projeto de lei que destina 75 % dos recursos dos royalties do petróleo à educação e 25 % à saúde.
Mesmo com as aprovações dos projetos, os manifestantes voltaram às ruas de Brasília nesta quarta-feira, mas em número bem menor do que as 30 mil que ocuparam os gramados do Congresso na semana passada.
Segundo a Polícia Militar do Distrito Federal, o protesto em frente do Congresso reuniu cerca de 2 mil pessoas. Em outras capitais, a participação foi maior. Em Belo Horizonte, onde a seleção brasileira jogou contra o Uruguai pela Copa das Confederações, 40 mil pessoas foram às ruas.
Entre as principais demandas estão mais recursos para a saúde e a educação, uma investigação dos gastos do governo para a realização da Copa do Mundo de 2014 e a saída de Renan Calheiros (PMDB-AL) da presidência do Senado e do Congresso.
A presidente Dilma Rousseff propôs na segunda-feira cinco pactos nacionais para trabalhar pela saúde, educação, reforma política e responsabilidade fiscal, além de defender como "iniciativa fundamental" que a corrupção passasse a ser considerada crime hediondo.
Na terça-feira, os presidentes do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves, anunciaram pautas positivas para responder à mobilização popular.
O empresário Júlio Abreu, de 52 anos, que participou do protesto em Brasília nesta quarta, carregava um cartaz com os dizeres "Dilma, anda logo antes que o povo caia em berço esplêndido de novo", defendendo o fim do voto secreto no Congresso e do 14º e 15º salários de parlamentares.
"Tem que sair o Renan (Calheiros) e todos os fichas sujas do Congresso", afirmou.
A vendedora Raquel da Cunha Lombardi, de 38 anos, disse que as medidas anunciadas por Dilma ainda não são suficientes. "A gente não está satisfeito, tem que fazer muito mais. Todo dia continua morrendo gente em fila de hospital", disse.
Os direitos de homossexuais também fizeram parte da pauta da manifestação, com faixas contra o atual presidente da Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Câmara, deputado Marco Feliciano (PSC-SP), e o projeto aprovado na comissão que permite que psicólogos tratem pacientes com o objetivo de curar a homossexualidade.
A escolha de Feliciano para comandar a comissão foi o principal motivo que levou o estudante Natan Souza de Oliveira, de 22 anos, ao protesto em frente ao Congresso Nacional nesta quarta-feira.
"O que ele está fazendo à frente da Comissão de Direitos Humanos não condiz com o papel dele. Ele representa o povo e não a bancada evangélica", disse o estudante.