Brasil

Propina era levada em malas "tipo lasanha", diz Assad

O empresário confessou nesta quarta-feira que costumava repassar quantias para a Delta em malas misturadas a papéis e roupas, distribuídas em camadas

Assad: quatro mulheres ligadas à empresa iam duas vezes por semana a seu escritório, em São Paulo, para buscar a propina (Fernando Frazão/Agência Brasil/Agência Brasil)

Assad: quatro mulheres ligadas à empresa iam duas vezes por semana a seu escritório, em São Paulo, para buscar a propina (Fernando Frazão/Agência Brasil/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 9 de agosto de 2017 às 22h01.

Rio - O empresário Adir Assad, que confessou pela primeira vez nesta quarta-feira, 9, crimes de lavagem de dinheiro para empreiteiras, disse que costumava repassar quantias para a Delta em mala "tipo lasanha", misturadas a papéis e roupas, distribuídas em camadas.

Segundo o acusado, que está preso em Benfica, na zona norte do Rio, quatro mulheres ligadas à empresa iam duas vezes por semana a seu escritório, em São Paulo, para buscar a propina. Elas pegavam o dinheiro, iam de avião para o Rio e entregavam na sede da empresa.

De acordo com Assad, cada mala - uma por viagem - levava cerca de R$ 150 mil a R$ 170 mil. O esquema teria durado pelo menos dois anos.

"A Delta que montou este esquema de transporte e que montou este grupo. Eles montaram um departamento só para pegar esse dinheiro e entregar. Esse grupo era pago com uma porcentagem do dinheiro", disse.

O empresário disse também que ele teria gerado pelo menos R$ 370 milhões em contratos fictícios para Delta e que Fernando Cavendish disse que grande parte deste valor teria ido para o ex- governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), entre 2008 e 2012.

"Cavendish me disse que grande parte desse dinheiro ia para o governo do Estado, para o Sérgio Cabral, e que não poderia atrasar porque era muito importante". Assad disse, no entanto, que não conversou diretamente com Cabral sobre o assunto.

Defesas

Por meio de sua assessoria de imprensa, a construtora Delta informou que só vai se manifestar perante a Justiça sobre as afirmações de Assad. Procurada, a defesa de Cabral informou que só irá se manifestar após ter acesso ao depoimento. Defensores de Cavendish não tinham se manifestado sobre o depoimento até o início da noite.

Acompanhe tudo sobre:Construtora DeltaCorrupçãoSérgio Cabral

Mais de Brasil

Preços dos alimentos cairão mais nas próximas semanas, diz ministro

Governo manda ONS tomar medidas para diminuir 'desligamentos' de parques eólicos e solares

Tribunal de Justiça de São Paulo mantém proibição de moto por aplicativo na capital

Conselho de Ética da Câmara aprova parecer pela cassação de Glauber Braga, que promete greve de fome