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Projeto do PT não é o meu, diz Ciro Gomes

Ex-ministro de Lula disse que os partidos de esquerda têm peculiaridades, mas acabam se unindo diante da polarização

Ciro Gomes: "A esquerda diz que ela só se une na cadeia, porque a tradição é um pouco essa" (Sergio Moraes/Reuters)

Ciro Gomes: "A esquerda diz que ela só se une na cadeia, porque a tradição é um pouco essa" (Sergio Moraes/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 16 de abril de 2018 às 21h04.

Brasília - Pré-candidato do PDT à Presidência da República, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) disse nesta segunda-feira, 16, não ter nenhuma expectativa de apoio do PT à sua candidatura e que não representa o Partido dos Trabalhadores na disputa presidencial. "Estamos cansados de saber que o PT não apoiará ninguém", declarou o presidenciável em evento na cidade de Nova Lima (MG).

De olho no eleitorado de esquerda crítico ao PT, Ciro fez questão de marcar posição e disse que o projeto que defende é diferente para o País. "O projeto do PT não é, definitivamente, o meu", ressaltou. O ex-ministro do governo Lula disse que os partidos de esquerda têm suas peculiaridades, mas que diante da polarização acabam se unindo em algum momento. "A esquerda diz que ela só se une na cadeia, porque a tradição é um pouco essa", completou.

Ciro, que pediu autorização judicial para visitar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na prisão, enfatizou que não tratará de política com o petista e que pretende visitá-lo como "velho camarada de mais de 30 anos". "Vou como amigo, não tratarei uma frase sobre política", afirmou.

O encontro é visto como um gesto do pedetista em busca de uma reaproximação com os petistas, já que Ciro e a cúpula do PDT não estiveram no ato político em São Bernardo do Campo (SP) que antecedeu a rendição de Lula. No entanto, Ciro faz questão de endurecer o discurso em público e diz que "não era obrigado" a estar no evento de Lula, já que estava em um compromisso pré-agendando no exterior. "Por que eu tinha de estar lá? Em nome de que eu tinha de estar lá? A quem estou devendo esse gesto?", questionou.

O presidenciável lembrou que todos os partidos de esquerda estão mantendo suas pré-candidaturas e que ninguém está discutindo alianças no primeiro turno. Comparando a corrida presidencial à Fórmula 1, Ciro disse que os competidores ainda estão sendo testados para ver quem estará bem "no grid de largada". "Está todo mundo no treino livre", comentou.

Pesquisa

Segundo pesquisa Datafolha divulgada no último fim de semana, Lula continua liderando a corrida ao Palácio do Planalto mesmo preso. O petista aparece em três cenários e oscila entre 30% e 31%, na liderança, à frente do deputado Jair Bolsonaro (PSL), que varia entre 15% e 16%, e Marina Silva (Rede), com 10%.

No cenário com Lula, Joaquim Barbosa (PSB) aparece com 8%, Geraldo Alckmin (PSDB) com 6%, Ciro Gomes (PDT) com 5%, Alvaro Dias (Podemos) com 3%, Manuela D'Ávila (PCdoB) com 3%, Fernando Collor de Mello (PTC) com 1%, Rodrigo Maia (DEM) com 1%, Henrique Meirelles (MDB) com 1%, Flavio Rocha (PRB) com 1% e outros, como Paulo Rabello de Castro (PSC), não pontuaram.

Em todos os cenários sem o ex-presidente Lula, Ciro Gomes (PDT) alcança 9% das intenções de voto, empatado tecnicamente com Alckmin, que varia de 7% a 8%, e Barbosa, que oscila entre 9% e 10%.

Ao avaliar o "retrato do momento", Ciro disse que não consegue visualizar Bolsonaro liderando pesquisa de intenção de voto por seu "despreparo" e sua "extensa boçalidade". Ciro lembrou que uma parcela do eleitorado ainda aguarda a indicação do candidato apontado por Lula.

Para Ciro, os índices de Barbosa se devem à exposição do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do Mensalão e ao fato dele ter um perfil de alguém de fora da política. O pré-candidato do PDT considera que a perspectiva de votos no magistrado aposentado mostra o fim de um ciclo no País e a busca por novas lideranças.

O ex-ministro de Lula disse que resta saber se o pré-candidato Joaquim Barbosa terá consistência comprovada no decorrer da campanha eleitoral, uma vez que as candidaturas se tornarão competitivas a partir do atrito entre elas. "Todos nós teremos de nos expor à fricção", observou o pedetista.

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