Usuários de crack em rua da Cracolândia:a organização também oferecerá cartilhas que serão traduzidas para o português (Marcelo Camargo/ABr)
Da Redação
Publicado em 11 de dezembro de 2015 às 12h29.
São Paulo - A experiência de países latino-americanos no tratamento de dependentes químicos será utilizada pelo governo paulista para aprimorar o Programa Recomeço - o projeto estadual de combate à dependência em crack.
A Secretaria de Desenvolvimento Social assinou nesta sexta-feira, 11, um convênio com a Federação Latino Americana de Comunidades Terapêuticas (Flact).
De acordo com o secretário de Desenvolvimento Social, Floriano Pesaro, a organização é líder internacional no tratamento e reabilitação de usuários de substâncias psicoativas, com atuação em países como Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, México, Peru, Uruguai e Paraguai.
O objetivo do acordo, segundo Pesaro, é que a Flact transfira sua experiência para melhorar a gestão das comunidades terapêuticas que fazem parte do programa.
A organização também enviará a São Paulo técnicos que irão passar seu conhecimento para os profissionais que atuam em parceria com o programa paulista.
A organização também oferecerá cartilhas que serão traduzidas para o português.
"A Flact tem uma metodologia de monitoramento e avaliação dessas comunidades terapêuticas internacionalmente reconhecida e utiliza métodos de tratamento de ponta, reconhecidos pela OMS. Fomos buscar essa parceria internacional para nos ajudar a consolidar nossa rede de comunidades terapêuticas", disse Pesaro.
Segundo ele, o programa Recomeço tem convênios com 41 comunidades terapêuticas, que oferecem 983 vagas de acolhimento social.
"As Comunidades Terapêuticas são equipamentos diferenciados com características fundamentais e sensíveis para o acolhimento de usuários de substâncias psicoativas que precisam passar por um processo de recuperação em um espaço protetivo", afirmou o secretário.
Segundo ele, as comunidades terapêuticas no Brasil são tradicionalmente ligadas a entidades religiosas, com trabalho fundamentado no voluntariado.
"As comunidades já existiam, mas não funcionavam em rede, nem tinham apoio do Estado. Com o programa Recomeço, começamos a credenciar essas organizações e dar a elas parâmetros de trabalho. Agora estamos entrando em um segundo momento do programa. A intenção é sofisticar a atuação das comunidades terapêuticas", declarou.
A Flact, de acordo com Pesaro, orientará a capacitação de profissionais que atuam nas comunidades terapêutica, incluindo os que trabalham na rua, com a abordagem de dependentes.
"Eles incluirão também no programa novas técnicas terapêuticas que foram desenvolvidas por eles e que hoje não temos no Brasil. Essas metodologias ajudarão a otimizar o tempo de permanência dos dependentes, para que fiquem o menor tempo possível nas comunidades, mas que saiam delas com resultados", disse Pesaro.
De acordo com Pesaro, os padrões de atendimento e atenção oferecidos aos dependentes em vários países latino-americanos são melhores que os do Brasil.
"O Brasil hoje trabalha com 45% a 55% de sucesso na recuperação de dependentes. É um número muito baixo e o trabalho acaba sendo custoso, porque é preciso tratar a mesma pessoa várias vezes. Nos países onde atua a Flact, a taxa de sucesso é de 80%", explicou o secretário.
O número de comunidades terapêuticas deverá aumentar no Brasil, segundo Pesaro.
"A demanda é crescente. Hoje temos um número cada vez maior de pessoas que procuram essa alternativa de tratamento. Com essa tendência de crescimento, precisamos de uma boa regulamentação - o que inclui bons contratos. Tudo o que pudermos trazer de conhecimento técnico e científico é importante para melhorar o funcionamento dessa rede", disse.