Praça do relógio e antiga reitoria da USP: crítica situação financeira da universidade, que gasta 105,33% da receita com salários, foi o que mais pesou na decisão (Divulgação/USP)
Da Redação
Publicado em 22 de maio de 2014 às 21h59.
São Paulo - Professores e funcionários da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e parte das categorias da Universidade Estadual Paulista (Unesp) decidiram nesta quinta-feira, 22, entrar em greve contra o congelamento de salários.
Docentes, servidores e alunos da Universidade de São Paulo (USP) também já haviam aprovado greve anteontem.
A mobilização ganhou força depois que o Conselho dos Reitores das Universidades Estaduais de São Paulo (Cruesp) manteve, na terça-feira, a proposta de reajuste zero às categorias das três instituições no primeiro semestre deste ano.
A crítica situação financeira da USP, que gasta 105,33% da receita com salários, foi o que mais pesou na decisão.
Segundo o Cruesp, o elevado nível de comprometimento das receitas das universidades com as folhas de pagamento impediu o aumento salarial.
Embora em melhor situação do que USP, as outras duas estaduais também têm despesas altas com salários. Na Unicamp, o gasto é de 97.33% dos repasses. Na Unesp, o total é de 95,42%.
O reajuste, informou o Cruesp, será rediscutido somente entre setembro e outubro.
Mobilização
Na Unicamp, os funcionários já cruzam os braços a partir de amanhã. Os docentes param somente na próxima terça-feira.
"A mobilização deve ser grande, porque a categoria está muito insatisfeita", afirmou o presidente da Associação dos Docentes da Unicamp, Paulo César Centoducatte, que cobra maior esforço dos reitores ao pleitear verbas com o governo do Estado para permitir os reajustes. Os professores da Unicamp não faziam greve geral desde 2009, assim como na USP.
Em apoio, os estudantes da Unicamp também aprovaram indicativo de greve.
Das 34 unidades da Unesp, em pelo menos dez os servidores técnico-administrativos haviam decidido interromper as atividades até a noite desta quinta - Araraquara, Bauru, Botucatu, Ilha Solteira, Franca, Jaboticabal, Presidente Prudente, Assis, São Paulo e Sorocaba. A maioria das unidades já começou a greve.
Entre os professores da Unesp, a adesão à greve havia ocorrido em pelo menos seis unidades até o começo da noite - Araraquara, Franca, Rio Claro, Presidente Prudente, Marília e no Instituto das Artes, na capital. No câmpus de Presidente Prudente, os alunos também vão parar em solidariedade ao movimento.
Os grevistas das três universidades ainda pretendem fazer um protesto na próxima terça-feira, na frente da Assembleia Legislativa, quando haverá uma audiência para discutir a crise nas estaduais paulistas.