Urnas: "Nessa eleição, muita coisa foi dita como 'impossível' e aconteceu" (José Cruz/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 27 de outubro de 2018 às 23h04.
São Paulo - Diante de uma eleição presidencial tão passional e atípica quanto a deste ano, o melhor é assumir uma posição de prudência e não cravar o resultado das urnas de amanhã, afirma o cientista político e professor do Insper, Carlos Melo.
"Nessa eleição, muita coisa foi dita como 'impossível' e aconteceu. Era impossível, por exemplo, que Geraldo Alckmin (PSDB), com tanto tempo de propaganda eleitoral na televisão, não fosse para o segundo turno. E ele não foi", avaliou.
Melo ressalta a queda "acelerada" da diferença entre as intenções de voto em Jair Bolsonaro (PSL) e em Fernando Haddad (PT). Conforme a pesquisa Ibope/Estado/TV Globo divulgada na noite deste sábado, a diferença entre os dois candidatos diminuiu de 14 para 8 pontos porcentuais em relação ao levantamento divulgado na última terça-feira, 23. No dia 15 de outubro, o candidato do PSL tinha uma vantagem de 18 pontos à frente do presidenciável do PT.
O cientista político observa ainda que os últimos apoios a Haddad declarados entre ontem e hoje podem não ter sido totalmente captados nas pesquisas divulgadas nesta noite.
Sobre Ciro Gomes (PDT), que disse nesta tarde que não iria se posicionar no segundo turno, apesar dos enfáticos acenos do PT, Melo acredita que essa postura já estava precificada. "Não constituiu uma surpresa. O patrimônio eleitoral dele, de alguma forma, já havia se diluído, tanto para Haddad, quanto para Bolsonaro".
Mas o apoio a Haddad vindo do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa "é outra história", diz o especialista. Barbosa representa uma figura de notoriedade, observa Melo, e pode ter uma influência mais significativa no resultado deste domingo. Entretanto, ele acredita que isso não será suficiente para a virada tão pretendida pelo petista.