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Produção industrial recua em 7 dos 15 locais pesquisados em fevereiro; BA, CE e SP lideram quedas

Analista do IBGE aponta para uma "perda de intensidade na produção industrial, influenciada por uma política monetária contracionista" após recuo de 0,1% do setor na passagem de janeiro para fevereiro

Quedas na Bahia e São Paulo tiveram influência dos setores de derivados de petróleo, de acordo com a PIM Regional divulgada nesta terça, 8 (GERMANO LUDERS)

Quedas na Bahia e São Paulo tiveram influência dos setores de derivados de petróleo, de acordo com a PIM Regional divulgada nesta terça, 8 (GERMANO LUDERS)

Publicado em 8 de abril de 2025 às 09h54.

Última atualização em 8 de abril de 2025 às 10h15.

O recuo na produção da indústria brasileira de 0,1% em fevereiro, na comparação com o primeiro mês do ano, foi concentrado em sete dos 15 locais consultados pela Pesquisa Industrial Mensal Regional (PIM Regional), divulgada nesta terça-feira, 8, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Na semana passada, o IBGE divulgou que a variação negativa marcou o quinto mês seguido sem crescimento, período em que a produção manufatureira nacional acumula perda de 1,3%. Agora, a pesquisa detalha que as quedas mais acentuadas foram verificados no Bahia (-2,6%), seguida por Ceará (-1,0%), São Paulo (-0,8%), Santa Catarina (-0,6%), Mato Grosso (-0,6%), Rio de Janeiro (-0,3%) e Minas Gerais (-0,2%).

Bernardo Almeida, analista da PIM Regional, compara o momento atual da indústria com o período de fevereiro e julho de 2015, quando a perda acumulada do setor foi de 6,7%. "De forma geral, há uma perda de intensidade na produção industrial, influenciada por uma política monetária contracionista, com aumento dos juros, com o objetivo de combater a inflação", afirma.

"Isso acaba estreitando mais as linhas de crédito, reduzindo os investimentos e fazendo com que as tomadas de decisão na produção sejam mais cautelosas. Pelo lado da demanda, esse cenário também impacta de forma negativa o consumo das famílias", complementa o especialista do IBGE.

Queda industrial fica concentrada na BA, CE e SP

A pesquisa mostra que o setor industrial da Bahia, com queda de 2,6%, se sobressaiu entre cinco as  localidades que apresentaram quedas na passagem de janeiro para fevereiro. Foi a menor taxa em termos absolutos e o segundo resultado negativo mais influente no mês. O resultado vem após quatro meses de resultados positivos, período em que o setor acumulou um ganho de 5,7%.

Os estados do Ceará (-1,0%) e São Paulo (-0,8) também assinalaram as outras quedas mais acentuadas, com a indústria paulista tendo exercido a maior influência negativa no mês. O recuo de São Paulo também ocorre após alta de 1,8% observada em janeiro de 2025.

O setor de manufatura do estado se encontra 0,4% abaixo de seu patamar pré-pandemia, estipulado em fevereiro de 2020, e 22,0% abaixo de seu patamar mais alto, alcançado em março de 2011.

As quedas nessas localidades também mostram, em comum, influência dos setores de derivados de petróleo e celulose, papel e produtos de papel.

Expansão na indústria pernambucana

A pesquisa do IBGE também mostra que, entre os locais com resultado positivo, Pernambuco (6,5%) registrou a expansão mais acentuada em fevereiro, eliminando parte da queda de 25,1% verificada em janeiro.

"A queda da indústria pernambucana em janeiro representou o maior recuo em toda a série histórica para esse tipo de comparação. Já em fevereiro, o setor que mais impulsionou esse comportamento positivo foi o de máquinas, aparelhos e materiais elétricos, um setor bastante atuante na indústria local", diz Almeida.

O movimento observado em fevereiro, contudo, "é um pouco compensatório" em relação ao resultado negativo no primeiro mês do ano e também não foi tão intenso quanto o registrado em dezembro, uma alta 10,1%.

O Paraná (2,0%) teve a segunda alta mais intensa em termos absolutos e exerceu principal influência positiva no índice geral em fevereiro.

Já na comparação com fevereiro do ano passado, a alta de 1,5% foi acompanhada por 5 dos 18 locais pesquisados. No acumulado em 12 meses, o avanço de 2,6% do setor industrial foi acompanhado por 15 das 18 localidades, apresentando, porém, menor dinamismo.

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