Sérgio Cabral: a força-tarefa da Lava Jato no Rio indicou que ainda deve identificar novos envolvidos no esquema de corrupção do grupo supostamente liderado por Cabral (PMDB) (Valter Campanato/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 14 de fevereiro de 2017 às 22h34.
A Procuradoria da República no Rio informou ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal no Rio, que ainda deve apresentar nova denúncia contra o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) envolvendo a compra com recursos supostamente ilícitos de um anel e um par de brincos de ouro branco com safira na joalheria H.Stern, no valor de 229 mil euros.
Até o momento, o peemedebista já foi alvo de quatro denúncias pelos crimes de corrupção, lavagem e organização criminosa na Lava Jato em Curitiba e nas operações Calicute e Eficiência, no Rio.
A mais recente foi apresentada nesta terça-feira, 14, e acusa o peemedebista de 184 atos de lavagem envolvendo a propina que ele e seus aliados teriam recebido e movimentado no Brasil.
As joias foram pagas por meio de um pagamento na conta da H.Stern na Alemanha feito pelos irmãos Marcelo e Renato Chebar, que operavam as contas de Cabral no exterior e fizeram delação premiada, por meio da conta Winchester Development SA, mantida pelos operadores no banco BSI, na Suíça.
A própria H.Stern confirmou aos investigadores que as joias foram adquiridas entre maio e junho de 2015.
Além disso, a força-tarefa da Lava Jato no Rio indicou que ainda deve identificar novos envolvidos no esquema de corrupção do grupo supostamente liderado por Cabral (PMDB), preso desde novembro de 2016 na Operação Calicute, e apresentar novas acusações no futuro.
Os nove procuradores da força-tarefa que assinam a denúncia desta terça afirmam que a acusação "não esgota todos os crimes de lavagem de dinheiro cometidos no Brasil, nem tampouco todos os fatos praticados pelo grupo, não representando arquivamento implícito quanto a pessoas não denunciadas, especialmente em razão de ainda estar em curso a identificação de todas as pessoas que movimentaram ou foram destinatárias dos recursos ilícitos constante na planilha de controle de caixa entregue pelos colaboradores".
Segundo os investigadores, a propina movimentada pelo grupo criminoso vinha de contratos de grandes obras que empreiteiras mantinham com o governo do Rio durante a gestão de Sérgio Cabral, de 2007 a 2014.
Para o MPF, uma das formas de lavar o dinheiro da propina, que seria da ordem de 5% do valor dos contratos, ocorria por meio da compra de joias e outros artigos de luxo da família Cabral.
Na primeira denúncia da Operação Calicute contra o peemedebista, sua mulher e seus aliados, apresentada no dia 6 de dezembro de 2016, a Procuradoria aponta que ele pagou R$ 1 milhão, de "dinheiro de corrupção" por um conjunto de brinco de ouro amarelo 18k com rubi e de anel de ouro amarelo 18k com rubi na joalheria H.Stern.
As joias foram compradas para celebrar os 10 anos de casamento com a advogada Adriana Ancelmo e segundo a investigação, o brinco custou R$ 400 mil e o anel, R$ 600 mil.