Brasil

Privatização da Sabesp: relator afirma que texto será aprovado e terá entre 55 e 60 votos

A oposição, por sua vez, afirma que o governo não terá votos suficientes para aprovar o texto nesta quarta-feira

Sabesp: votação deve ocorrer hoje (Bruna Sampaio/ALESP/Divulgação)

Sabesp: votação deve ocorrer hoje (Bruna Sampaio/ALESP/Divulgação)

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 6 de dezembro de 2023 às 15h03.

Última atualização em 6 de dezembro de 2023 às 15h07.

O relator do projeto da desestatização da Sabesp, o deputado estadual Barros Munhoz (PSDB), reafirmou nesta quarta-feira, 6, em entrevista à EXAME, que a base do governo tem entre 55 e 60 votos para aprovar a proposta. 

"Vamos ter duas sessões extraordinárias para concluir essa votação. Estamos bem tranquilos sobre a aprovação", disse em rápida conversa por telefone. Após sessões de discussões na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) na segunda-feira e na terça-feira, 58 deputados votaram para encerrar os debates ontem, número que Munhoz acredita que se repetirá hoje na apreciação da matéria. Para virar lei, o projeto precisa da maioria simples, 48 votos. A Alesp tem 94 deputados.

A proposta deu entrada na casa legislativa do estado no dia 18 de outubro e, durante a tramitação em regime de urgência, recebeu 173 emendas, que propõem acrescentar ou alterar dispositivos da matéria, e quatro substitutivos contrários à desestatização da companhia.

LEIA MAIS: Sabesp: o que realmente importa na privatização de uma das maiores empresas de saneamento do mundo

A oposição, por sua vez, argumenta que o governo não terá votos suficientes para aprovar o texto nesta quarta. O deputado Guilherme Cortez (PSOL) disse em conversa com a EXAME que a expectativa da oposição é que não haja quórum para votação. "Acreditamos que, assim como em outras pautas que passaram na Alesp, o governo não terá tanta facilidade para aprovação, principalmente pela pressão que a população está fazendo para com os deputados que chamados do Centrão da Alesp", diz Cortez à EXAME.

Cortez defende ainda que a proposta é inconstitucional e promete entrar com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) caso o projeto seja sancionado. Ele cita o parágrafo segundo do artigo 216, que diz que o Estado assegurará condições para a correta operação, necessária ampliação e eficiente administração dos serviços de saneamento básico prestados por concessionária sob seu controle acionário.

"O correto seria que o governo enviasse uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) e não um projeto de lei, ainda por cima em regime de urgência, sem passar em todas as comissões necessárias", afirma. 

O PT e o PSOL protocolaram uma ação direta de inconstitucionalidade no Supremo sobre o decreto de Tarcísio que criou competências para os conselhos deliberativos das URAEs (Unidades Regionais de Serviços de Abastecimento de Água Potável e Esgotamento Sanitário).

A mudança da administração estadual permitirá que os contratos não percam válida após a privatização da companhia e possam ser renegociação via URAEs, sem a necessidade de negociação individual com cada cidade atendida pela Sabesp. Os partidos argumentam a modificação tira a autonomia das prefeituras para decidir sobre o saneamento do município, o que seria inconstitucional. O relator da ação é o ministro André Mendonça.

Privatização da Sabesp

Empresa de capital aberto e economia mista, a Sabesp detém a concessão dos serviços públicos de saneamento de 375 municípios paulistas e tem o estado de São Paulo como gestor e acionista majoritário.

O PL busca autorizar o executivo a negociar sua participação acionária na companhia e, assim, transferir o controle operacional da empresa à inciativa privada. Atualmente, o Estado detém 50,3% do capital da empresa, enquanto o restante é negociado nas bolsas brasileira (B3) e americana (NYSE).

Acompanhe tudo sobre:SabespEstado de São PauloTarcísio Gomes de Freitas

Mais de Brasil

Após prever reforma ministerial até dia 21, Rui Costa diz que Lula ainda começará conversas

Fuvest antecipa divulgação da lista de aprovados na 1ª chamada do vestibular para esta quarta

Governo Lula se preocupa com o tom usado por Trump, mas adota cautela e aguarda ações práticas

Lula mantém Nísia na Saúde, mas cobra marca própria no ministério