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Publicado em 25 de março de 2025 às 04h02.
Última atualização em 25 de março de 2025 às 11h14.
Mais um capítulo de uma trama que pode definir o futuro ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) começa nesta terça-feira, 25, às 9h30.
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidirá se oito acusados de tentativa de golpe de Estado, entre eles Bolsonaro, vão se tornar réus.
Essa será a primeira de três sessões marcadas para a apreciação da denúncia contra o chamado Núcleo 1 de acusados, considerado pelos investigadores como o núcleo crucial da suposta organização criminosa. O julgamento terá duas sessões nesta terça, e uma na quarta-feira, 26, se necessário.
Segundo a Corte, nessa fase processual, o colegiado apenas examina se a denúncia atende aos requisitos legais, com a demonstração de fatos enquadrados como crimes e se há indícios de que os denunciados foram os autores desses delitos.
Ou seja, a Turma não condenará os acusados, mas apenas avaliará se a acusação trouxe elementos suficientes para a abertura de uma ação penal contra os acusados. Caso o colegiado aceite a denúncia, os acusados viram réus.
Para Bolsonaro e outros acusados virarem réus, basta três, dos cinco ministros, votarem para aceitar a denúncia da PGR.
Participam da primeira turma os ministros Cristiano Zanin, Cármen Lúcia, Luiz Fux, Alexandre de Moraes e Flávio Dino.
Em fevereiro, a PGR denunciou os acusados pelos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, envolvimento em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.
Além do ex-presidente, fazem parte deste grupo o deputado federal Alexandre Ramagem, o almirante e ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, o general da reserva e ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional Augusto Heleno, o tenente-coronel e o ex-ajudante de ordens da Presidência da República Mauro Cid, o general e ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira e o general da reserva e ex-ministro da Casa Civil Walter Braga Netto.
Após virar réu, Bolsonaro e os aliados estarão em julgamento de uma ação penal. A partir daí, os processos passam por diversas etapas para apurar os fatos e a participação de cada acusado. Nesse momento, serão colhidas provas, depoimentos, dados e interrogatórios. As defesas terão espaço para apresentar suas testemunhas.
Concluídas as diligências, o caso será levado a julgamento da Corte. Os ministros decidirão se os envolvidos devem ser condenados ou absolvidos, além de determinar as penas cabíveis para os condenados. Ainda assim, as defesas poderão recorrer.
Segundo o rito do STF, a sessão será aberta por Zanin, presidente da Turma. Moraes, relator do caso, vai ler o relatório do oferecimento da denúncia feito pelo Procurador-Geral da República (PGR), Paulo Gonet.
Na sequência, a PGR fará uma sustentação oral, de até 30 minutos, para argumentar sobre a aceitação da denúncia.
As defesas dos oito denunciados terão 15 minutos cada, com ordem definida pelo presidente da Turma, para fazer uma argumentação contra a denúncia.
Após essa parte, Moraes começará a votar se o processo preenche todos os requisitos formais para continuar a ser julgado, as chamadas preliminares – se o processo está sendo julgado no Tribunal competente, se as partes são legítimas, se a petição foi apresentada de forma correta.
Todos os ministros da turma votam sobre as preliminares, na seguinte ordem: Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Zanin.
Após a definição sobre as preliminares, inicia-se o voto do relator Moraes sobre o mérito do julgamento, tornar Bolsonaro e os outros acusados réus ou não, com base no que foi apresentado pela PGR na denúncia. Caso três ministros votem a favor da denúncia, a maioria se forma, e Bolsonaro se tornará réu.
O julgamento será transmitido ao vivo pela TV Justiça e nos canais do YouTube da TV Justiça e do STF.