Colégio Objetivo Integrado, em Sâo Paulo: melhor desempenho no Enem foi obtido selecionando os melhores alunos da rede. Outro colégio do Objetivo, no mesmo prédio, ficou em 737º lugar (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 23 de novembro de 2012 às 13h14.
São Paulo – A escola com o melhor desempenho do país no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2011 é somente uma unidade - separada - do Objetivo, grande rede escolar formada por 15 colégios. No Objetivo Integrado, estão matriculados apenas a elite estudantil da rede. É ela, formada por 42 alunos de terceiro ano do ensino médio, que fez a escola alcançar a maior pontuação nacional no exame, ficando distante dos próprios pares restantes do Objetivo.
Para entrar na número um, porém, o aluno precisa ter boas notas, passar por entrevistas e pode até ser indicado por um professor de outras unidades.
A seleção não é feita por provas, mas é avaliado o potencial desse estudante e só os melhores compõem a lista do máximo de 45 que dividem o prédio com a unidade mais tradicional do Objetivo, na Avenida Paulista, em São Paulo.
O Objetivo Paulista, aliás, ficou apenas em 737º lugar no ranking do Enem.
Com ensino integral, foco nos vestibulares e alunos com tradição de excelência em olimpíadas acadêmicas, o Objetivo Integrado conseguiu uma média de 20 pontos a mais que a segunda colocada no ranking, a escola Elite do Vale do Aço, que fica em Minas Gerais.
Segundo o próprio Objetivo, a unidade Integrado foi criada por razões pedagógicas, e a pedido dos próprios alunos que demandavam mais aulas e conteúdo.
Mas para o professor Erasto Fortes, conselheiro do Conselho Nacional da Educação, segregar os alunos não passa de “pura estratégia de marketing”.
Fortes explica que o Enem faz uma avaliação do desempenho individual do estudante, não da escola em si. Para ele, faltam critérios como avaliação da estrutura da escola e valorização do professor, por exemplo. E escolas que segregam alunos, de acordo com o educador, representam um atraso.
“Do ponto de vista pedagógico isso está incorreto. As turmas heterogêneas são as mais educadas”, diz Fortes.
Segundo o professor, separar salas ou unidades com alunos de melhor desempenho acaba levando a uma segregação dentro da escola, com turmas consideradas ‘ruins’ sendo execradas pelos professores.
"Quando uma marca é colocada sobre determinado aluno ou turma, isso acaba influenciando os professores e os estudantes – como se eles fossem tão ruins que não tivesse como melhorar”, completa o especialista.
A segunda colocada
O segundo lugar no Enem esse ano foi uma surpresa até mesmo para o diretor pedagógico do colégio Elite do Vale do Aço, que fica em Ipatinga (MG).
“O colégio começou em 2009 como pré-vestibular. Apenas em 2011 veio a primeira turma de terceiro ano. Nossa proposta era ficar entre os cinco melhores colégios do estado e aí tivemos esse resultado que foi em parte inesperado”, conta o diretor pedagógico e um dos fundadores do Elite, Átila Silva Zanoni.
Ainda muito nova, a escola também é bastante pequena. Cada série tem uma turma de cerca de 35 alunos. “Mas a expectativa é que a partir de 2015 o colégio vá crescendo”, diz o diretor.
Para entrar na segunda melhor escola do Brasil, em termos de desempenho no Enem, o processo seletivo não é fácil. Como a maioria das escolas entre as dez melhores colocadas, o Elite do Vale do Aço exige um “vestibulinho”. “Temos uma prova normal que usa os vestibulares como referência. Cada série tem um processo específico”, explica Zanoni.
A escola ainda conta com poucos alunos, mas não há planos de segregação dos melhores alunos. “Acredito que não vamos ter necessidade de dividir os estudantes por desempenho, mesmo porque toda vez que você segrega, cria um novo rankeamento”, defende o diretor pedagógico.
Mas a “competitividade saudável” é estimulada no Elite. “O aluno acaba ansiando mais, então nós distribuímos brindes, por exemplo. Quem tirar boas notas ganha um chocolate. E aí vimos que hoje 80% da turma ganha um doce. Não é uma competição para ser o primeiro colocado, mas para estar entre os melhores”, fala.