Equipe da PRF em rodovia (foto de arquivo): corporação afirma que eventuais desvios de agentes serão investigados e punidos (Fernando Oliveira/PRF/Agência Brasil)
Carolina Riveira
Publicado em 1 de novembro de 2022 às 14h34.
Última atualização em 1 de novembro de 2022 às 14h38.
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) se pronunciou nesta terça-feira, 1º de novembro, sobre as centenas de pontos de bloqueio que se acumularam pelo Brasil desde o anúncio da vitória de Luiz Inácio Lula da Silva na eleição presidencial.
Em entrevista coletiva, porta-vozes da corporação afirmaram que eventuais "desvios de agentes serão apurados". "Nenhuma ordem foi dada no sentido de que servidores deixassem de cumprir seu papel", afirmou o Corregedor Geral e Controle Interno, Wendel Benevides Mator.
A PRF foi questionada sobre vídeos em que agentes aparecem dizendo que apenas ficariam no local de protestos, sem multar os responsáveis ou atrapalhar a obstrução das vias. A instituição disse reconhecer, até o momento, três casos de possível desvio de conduta, um em São Paulo e dois em Santa Catarina.
A promessa de investigar agentes também foi reiterada em ofício da diretoria-geral da PRF ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira, em que o diretor Silvinei Vasques disse que "manifestações de policiais veiculadas nas mídias sociais dando conta de que a PRF não atuaria coercitivamente" para liberar as vias não "condizem com a verdade".
"Tal postura individual desses agentes será objeto de apuração", diz Vasques no ofício, segundo reportado pelo portal G1.
Até pouco antes das 12h, o último número oficial da PRF era de 267 vias com interdições ou paralisação.
A PRF afirmou que a corporação está trabalhando para desbloquear as vias ocupadas, e que mais de 200 pontos já foram liberados desde o início dos protestos.
A maioria dos trechos com problemas estão em Santa Catarina, que tem mais de 30 pontos com bloqueios ou protestos ocorrendo, embora quase todos os estados tenham chegado a registrar ocorrências desde o dia da eleição.
A PRF, como política rodoviária, tem a prerrogativa de lidar com as obstruções de vias que ocorrem nos últimos dois dias. O Supremo Tribunal Federal também autorizou que governadores usem as polícias militares, sob gestão estadual, para desobstruir o tráfego nas rodovias, incluindo com autorização de aplicação de multas e uso da força se necessário.
Cidades também têm usado a Guarda Municipal para atuar no caso.
O governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, se pronunciou na manhã desta terça-feira, mais de 24 horas após início dos protestos, afirmando que a PM de São Paulo atuaria para desobstruir as vias ocupadas. A multa é de R$ 100 mil por hora para veículos.
Ao longo desta manhã, São Paulo teve trechos bloqueados em pontos estratégicos, como a entrada do aeroporto de Guarulhos (já liberada), pontos de rodovias como a via Dutra, Anhaguera e Regis Bittencourt, além de trechos da marginal Tietê na capital paulista.
O diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques, não participou da coletiva de imprensa sobre as paralisações nesta terça-feira.
A corporação informou que Vasques estava reunido com o ministro da Justiça, Anderson Torres, para fazer um planejamento "visando a desobstrução das rodovias federais" e que outros diretores da instituição estavam aptos a responder a perguntas sobre o caso.
Vasques foi pessoalmente alvo de críticas no dia da eleição ao, na véspera, publicar postagem defendendo voto no presidente Jair Bolsonaro, horas antes de a PRF virar centro das atenções por descumprir ordem do Supremo Tribunal Federal e seguir realizando blitz em estradas durante a eleição, a maioria na região Nordeste.
Além do imbróglio no dia da eleição, o ministro do STF, Alexandre de Moraes, também determinou na noite de segunda-feira que a PRF aja para desbloqueio imediato das rodovias.
Se a decisão não fosse cumprida, determinou ainda multa de R$ 100 mil por hora para o diretor-geral Silvinei Vasques, a partir da meia-noite, e o "afastamento imediato" do diretor em caso de descumprimento.