(Orlando Brito/VEJA)
Da Redação
Publicado em 5 de junho de 2018 às 05h55.
Última atualização em 5 de junho de 2018 às 06h48.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso desde o dia 7 de abril na sede da Polícia Federal (PF) de Curitiba, presta depoimento nesta terça-feira, desta vez como testemunha de defesa do ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral. Lula inicialmente deixaria a prisão pela primeira vez para ir à Justiça Federal, onde prestaria o depoimento por videoconferência ao juiz federal Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.
A permanência do ex-presidente na sede da PF foi um pedido da própria corporação, que preferiu economizar recursos com o depoimento. Caso Lula deixasse a PF para prestar depoimento na Justiça Federal, seria necessário mobilizar agentes policiais e organizar um esquema específico de segurança. Lula foi arrolado como testemunha da ação referente à Operação Unfair Play, que investiga compra de votos que levaram o Rio de Janeiro a ser escolhido como sede das Olimpíadas de 2016. Foi essa operação que levou à prisão o ex-presidente do Comitê Olímpico do Brasil, Carlos Arthur Nuzman, tido como a ligação entre o esquema de corrupção do governo de Cabral e o Comitê Olímpico Internacional.
Mas a semana continua cheia para Lula. Na sexta-feira, o PT lança oficialmente sua candidatura em Contagem, Minas Gerais. Sem a presença de Lula, claro. O partido tentará gravar um vídeo com mensagem do ex-presidente na prisão e deve reiterar o pedido para que governadores e prefeitos compareçam ao ato de lançamento da candidatura.
Dentro do PT, alguns grupos acreditam que é melhor abandonar a campanha de Lula e lançar um segundo nome, que não será barrado pela Justiça Eleitoral. A candidata do PSOL ao Planalto, Manuela d’Ávila, afirmou ontem que abriria mão de candidatura se PT, PDT e PSOL se unissem numa chapa de esquerda. Isso, claro, pressupõe encerrar desde já o amalucado plano petista de insistir na candidatura de Lula.
Tal decisão, porém, tira da defesa de Lula um trunfo: o discurso de perseguição política. O plano, portanto, segue sendo acumular recursos para que ele seja o nome da legenda até o último minuto no Tribunal Superior Eleitoral. Seja como for, qualquer ligação com Cabral e sua trupe devem ficar bem longe da “campanha”.