Marcos Valério: o PPS exigiu nesta terça-feira uma "abertura imediata de inquérito" sobre as novas denúncias (Antonio Cruz/ABr)
Da Redação
Publicado em 11 de dezembro de 2012 às 13h21.
Brasília - O presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), Rui Falcão, qualificou como uma "tentativa desesperada" as acusações do publicitário Marcos Valério, de que ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria aprovado as manobras de corrupção denunciadas em 2005, no chamado mensalão.
Nesta terça-feira o jornal "O Estado de S.Paulo" publicou trechos do depoimento que Valério prestou à Procuradoria Geral da República (PGR). O publicitário foi condenado 40 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
"As supostas afirmações desse senhor ao Ministério Público Federal, vazadas de modo inexplicável por quem teria a responsabilidade legal de resguardá-las, refletem apenas uma tentativa desesperada de tentar diminuir a pena de prisão que Valério recebeu do STF", apontou Falcão, através de nota publicada no site do PT.
O presidente do partido ainda criticou a imprensa, pelo "espaço dado" as acusações de Valério. "Caso essas declarações efetivamente tenham sido feitas em uma tentativa de "delação premiada", deveriam ser tratadas com a cautela que se exige nesse tipo de caso. Infelizmente, isso não aconteceu", lamentou Falcão.
"Trata-se de uma sucessão de mentiras envelhecidas, todas elas já claramente desmentidas. É lamentável que denúncias sem nenhuma base na realidade sejam tratadas com seriedade. Valério ataca pessoas honradas e cria situações que nunca existiram, pondo-se a serviço do processo de criminalização movido por setores da mídia e do Ministério Público contra o PT e seus dirigentes", disparou o petista.
"O Estado de S.Paulo" revelou os detalhes do depoimento, que durou três horas e meia e consta de um documento de 13 páginas, e aponta ainda que Marcos Valério afirmou que os R$ 4 milhões que seu advogado, Marcelo Leonardo, cobrou, foram pagos pelo PT.
Na declaração, o publicitário também disse ter sido ameaçado de morte por Paulo Okamoto, homem da confiança de Lula e que atualmente é um dos diretores do instituto fundado pelo ex-presidente no ano passado, após deixar o poder, segundo o diário.
Além disso, Valério afirma que recebeu aval do PT para negociar com a empresa Portugal Telecom uma contribuição de US$ 7 milhões para o partido, e por isso viajou a Lisboa em 2005 para negociar com o então presidente da empresa, Miguel Horta.
O veículo diz que o mineiro confessou que se reunia no Palácio do Planalto com o ex-ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, e com o então tesoureiro do PT, Delúbio Soares, ambos já condenados, e que pelo menos em uma ocasião esteve na sede do governo com Lula, que "deu o "ok" às negociações".
"O Estado de S.Paulo", que dedica hoje três páginas ao assunto, diz ter consultado sobre as novas denúncias o Instituto Lula, o PT e outros personagens ligados ao escândalo, mas que todos negaram as acusações de Valério.
O PPS exigiu nesta terça-feira uma "abertura imediata de inquérito" sobre as novas denúncias. "Diante das declarações dadas ao Ministério Público não resta outro caminho. É abertura imediata de inquérito", disse o presidente do partido Roberto Freire.