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Presidente da Fundaj deixa cargo por discordar de Temer

Seu pedido de exoneração foi encaminhado ao Ministério da Educação (MEC) na manhã desta sexta-feira (13)


	Governo Temer: no cargo há 13 meses, Paulo Rubem Santiago resolveu se antecipar a uma possível demissão
 (Reprodução/FacebookPMDB)

Governo Temer: no cargo há 13 meses, Paulo Rubem Santiago resolveu se antecipar a uma possível demissão (Reprodução/FacebookPMDB)

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Da Redação

Publicado em 13 de maio de 2016 às 16h16.

O presidente da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), Paulo Rubem Santiago, pediu demissão por não reconhecer a legitimidade de Michel Temer (PMDB) em ocupar a presidência da República de forma interina.

Seu pedido de exoneração foi encaminhado ao Ministério da Educação (MEC) na manhã desta sexta-feira (13), depois de reunião extraordinária com todos os servidores da instituição.

A Fundaj atua na área de educação e cultura, e tem aproximadamente 270 servidores.

No cargo há 13 meses, Paulo Rubem Santiago resolveu se antecipar a uma possível demissão, além de demonstrar publicamente discordância com o processo de impeachment de Dilma que levou Temer a ser presidente interino.

“Esse processo é um golpe, desprovido de legalidade e legitimidade”, disse ele ao lembrar que foi convidado para ocupar o cargo por Dilma:

“Entendemos que era um dever de coerência entregar o cargo, já que é um governo que não foi eleito pela população. Eu fui chamado para o cargo pela presidenta Dilma e o ministro Aloizio Mercadante, então não havia coerência em permanecer na fundação para conviver com um governo que eu não concordo com a legitimidade dele”.

Atualmente, a Fundaj passava por um redesenho institucional para fortalecer a fundação como produtora de conhecimento científico na área de Ciências Humanas.

Também foi credenciada recentemente pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) para virar uma escola de governo para servidores públicos.

Dois cinemas, o Museu do Homem do Nordeste e outras iniciativas culturais também fazem parte da instituição, que tem orçamento anual pequeno, quando comparado a outros órgãos federais: cerca de R$ 100 milhões.

Santiago teme que a crise na instituição se aprofunde, diante dos cortes anunciados pelo governo Temer.

“Em 26 anos, a Fundação só fez dois concursos para a carreria de Ciência e Teconologia. Temos um número elevado de funcionários que só estão na fundação porque recebem abono de permanência, porque eles já tem idade para se aposentar”, revela.

“Se a lógica é corte de gasto público e a fundação já vem sofrendo com isso, há um risco de que a fundação seja mais e mais penalizada. Então o apelo que fiz hoje aos funcinonários é que resistissem e consolidassem projetos em andamento”.

Política

Paulo Rubem Santiago foi deputado federal por três mandatos (2003-2014) e um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT). Em 2007, depois de 27 anos, ele se desligou do partido por divergências ideológicas.

Também passou um período filiado ao Partido Democrático Trabalhista (PDT), legenda escolhida por sua aproximação com o senador Cristovam Buarque (PPS-DF), mas se desfiliou no início deste ano por discordar da forma como o poder é distribuído e perpetuado dentro do partido.

Agora, Santiago volta para a sala de aula, já que também é professor do Departamento de Educação Física da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Santiago promete continuar na oposição ao governo interino e contribuir para propor políticas públicas relacionadas ao campo da esquerda, embora descarte concorrer a um cargo nas eleições municipais deste ano.

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