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Presidente da Anvisa confirma tentativa de mudar bula da cloroquina

Antonio Barra Torres afirmou que a ideia foi apresentada em reunião no Palácio do Planalto e imediatamente rejeitada por ele

Antonio Barra Torres, presidente da Anvisa (Pedro França/Agência Senado)

Antonio Barra Torres, presidente da Anvisa (Pedro França/Agência Senado)

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Alessandra Azevedo

Publicado em 11 de maio de 2021 às 12h40.

Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, nesta terça-feira, 11, o presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, afirmou ser contra o uso de cloroquina para o tratamento da covid-19 e confirmou que houve sugestão para que a bula do remédio fosse alterada para contemplar indicação contra a doença, em uma reunião no Palácio do Planalto.

"Minha posição não contempla essa medicação", afirmou Barra Torres. Segundo ele, a mudança na bula foi defendida por Nise Yamaguchi, médica defensora do uso da cloroquina para "tratamento precoce" da covid-19, mesmo sem eficácia comprovada. Além dela, teriam participado da reunião o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta e o então ministro da Casa Civil, Braga Neto.

"Esse documento foi comentado pela doutora Nise Yamaguchi, o que provocou uma reação, eu confesso, até um pouco deseducada e deselegante minha. A minha reação foi muito imediata de dizer que aquilo não poderia ser", disse Barra Torres. "Não tenho a informação de quem é o autor, quem foi criou, quem teve a ideia. A doutora, de fato, perguntou dessa possibilidade e pareceu estar, digamos, mobilizada com essa possibilidade", afirmou.

O presidente da Anvisa explicou que "só quem pode modificar a bula é a agência reguladora", desde que a alteração seja requisitada pelo desenvolvedor do medicamento. "Então, quando houve uma proposta de uma pessoa física fazer isso, isso me causou uma reação um pouco mais brusca. Eu disse: 'Olha, isso não tem cabimento, isso não pode'. E a reunião, inclusive, nem durou muito mais depois disso", relatou.

Barra Torres afirmou que, logo após a proposta, Mandetta saiu da reunião. "Eu me retirei logo depois", contou. A declaração dele confirma o episódio relatado por Mandetta à CPI, na terça-feira, 4. Segundo o ex-ministro, havia na mesa, naquele dia, "um papel não timbrado de um decreto presidencial para que fosse sugerido daquela reunião que se mudasse a bula da cloroquina na Anvisa".

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