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Presidente da ANA defende restrição para Cantareira

Vicente Andreu defendeu medidas restritivas para o uso da água do Sistema Cantareira, durante audiência na Câmara dos Deputados

Vista do coletor de água no sistema de abastecimento de água da Cantareira na represa de Jaguari em Joanópolis (Paulo Whitaker/Reuters)

Vista do coletor de água no sistema de abastecimento de água da Cantareira na represa de Jaguari em Joanópolis (Paulo Whitaker/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 3 de abril de 2014 às 19h26.

Brasília - O presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu, defendeu medidas restritivas para o uso da água do Sistema Cantareira, durante audiência na Câmara dos Deputados nesta quinta-feira, 3, feita justamente para tratar do problema do abastecimento na cidade de São Paulo, região metropolitana e Campinas.

Para ele, a crise verificada hoje, em que o Sistema Cantareira bate recordes seguidos de baixa de sua reserva de água, ainda é muito pequena diante da que se avizinha, caso não chova. "A crise está dando seus indicativos. Mas a crise que vai surgir se não houver chuva, nem resvalamos nela ainda", afirmou. Ele disse que a população entende quando as medidas são tomadas a seu favor, mesmo que restritivas. Por isso, as defendeu.

Vicente Andreu pregou o diálogo entre os Estados envolvidos na disputa como a única forma de superar os problemas no abastecimento no curto prazo. "A situação é complexa, porque os interesses postos à mesa são legítimos. Por isso, é mais difícil resolver", disse ele. O Sistema Cantareira, o maior do Brasil, sempre carregou um problema desde que foi criado pelo então ministro Shigeaki Ueki (Minas e Energia), durante o governo de Ernesto Geisel (1974-1979), disse o presidente da Ana.

"Para garantir a reserva de São Paulo, o sistema acabou por criar uma reservação (acúmulo de água) negativa, sempre abaixo da média histórica. Por isso é preciso criar condições para uma solução integrada", disse ele. Isso, na opinião de Vicente Andreu, exige diálogo entre os Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, porque todos eles acabam tendo algum tipo de participação no problema quando a questão é a disputa por águas.

Uma solução de curto prazo, segundo ele, seria utilizar, e bem, a água disponível para tentar atravessar o período de estiagem. Em seguida, seriam tomadas as medidas restritivas. "Se não forem tomadas, o volume útil poderá secar, com risco de isso acontecer antes de as chuvas virem, em novembro. Mas, e se não vierem?" perguntou ele. "É preciso tomar medidas preventivas. E, depois, rezar para que chova. Não haverá nenhuma solução técnica de engenharia de curto prazo."

Para Vicente Andreu, a situação é mais complexa ainda porque, além dos problemas originados na própria natureza, há nela um componente político e eleitoral. "A discussão entre São Paulo e Rio de Janeiro me pareceu no começo que tinha mais a ver com voto do que com água. O cidadão de São Paulo não vota no Rio e o do Rio não vota em São Paulo. Isso é fato. Mas a água do Rio de Janeiro e de São Paulo está interligada." Por isso, segundo ele, há um grande esforço na ANA para pôr à mesa os Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas para que se busque uma solução e não o confronto na disputa pelas reservas hídricas.

"A questão central dos recursos hídricos é integração. Se não conseguirmos uma solução integrada, vamos tomar decisão errada." Ele disse que é admirador do Sistema Macrometrópole, que o governo de São Paulo pretende fazer para garantir o abastecimento de água no Estado. Mas acha que se o Rio de Janeiro não for contemplado haverá uma prolongada guerra entre os dois Estados pelo domínio da água, justamente pela falta de integração. "Essa não pode ser uma solução bairrista", afirmou.

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