Indústria: presidente da Abimaq criticou empresas que evitam abrir números de balanços (Getty Images/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 17 de outubro de 2014 às 16h20.
Sertãozinho - O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Carlos Pastoriza, afirmou nesta sexta-feira, 17, que existe um "tripé do mal" que dificulta as negociações trabalhistas no país.
Segundo ele, esse tripé é formado pelo "poder desproporcional" dos sindicatos, pelo "viés antiempresarial de parte do Judiciário" e pela presença excessiva de dirigentes e ex-dirigentes sindicais no Poder Executivo nos últimos 12 anos.
O período coincide com o tempo em que o PT, partido com raízes nos movimentos sindicais, está no comando do governo federal.
"Estamos há 12 anos sob uma república sindicalista. Não tenho nada contra que presidentes ou ex-presidentes de sindicatos ocupem postos em Brasília. O Lula foi presidente de sindicato, foi presidente (da República), perfeito", disse.
"Só que quem costuma circular nos corredores de Brasília vai ver a quantidade de sindicalistas e ex-sindicalistas que ocupam os mais altos cargos de todos os ministérios, o que é um negócio desproporcional", afirmou Pastoriza em palestra no 3º Simpósio Trabalhista e Sindical do Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis (Ceise), realizado em Sertãozinho (SP).
Pastoriza disse que, nas duas outras partes do tripé, "o sindicato dos trabalhadores tem um poder desproporcional garantido por lei" e o Poder Judiciário, principalmente na segunda e terceira instâncias, tem um viés antiempresarial.
"O Judiciário tem apenas de julgar, mas ele legisla e legisla de uma forma que distorce e complica muito mais as relações trabalhistas", afirmou o presidente da Abimaq.
No evento, o dirigente citou dois exemplos mundiais de sindicalismo: o americano, considerado fraco por ele, pela falta de articulação entre sindicatos, empregados e empresas, e o alemão, apontado como um bom exemplo.
"Os sindicatos da Alemanha participam de conselhos nas empresas e sabem realmente o que devem discutir nas negociações salariais e de divisão de lucros", afirmou.
Pastoriza criticou também as empresas que evitam abrir números de seus balanços.
"No Brasil, o sistema é o pior dos dois mundos: os sindicatos são fortes e ao mesmo tempo não são criados vínculos fortes de confiança com as empresas, as quais também são reacionárias e não abrem os números", afirmou.