Deputado Baleia Rossi (MDB-SP), na tribuna da Câmara (Luis Macedo/Agência Câmara)
Alessandra Azevedo
Publicado em 6 de janeiro de 2021 às 06h00.
Última atualização em 6 de janeiro de 2021 às 06h16.
Sem sessões no Congresso, as discussões nas próximas quatro semanas em Brasília serão centradas nas campanhas pela sucessão da presidência da Câmara. O deputado Baleia Rossi (MDB-SP) lançará oficialmente a candidatura na tarde desta quarta-feira, 6. Indicado pelo atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o emedebista conta hoje com o apoio de 11 legendas, que, somadas, têm 261 deputados nas bancadas.
O principal adversário de Rossi, Arthur Lira (PP-AL), nome apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro, lançou a candidatura em 9 de dezembro. Atualmente, o bloco é composto por nove legendas, com 196 deputados: PL, PP, PSD, Solidariedade, Avante, Pros, Patriota, PSC e Republicanos. O PTB ensaia se unir a Lira, o que acrescentaria 11 parlamentares ao grupo e elevaria o total para 207.
Já Rossi conta com PT, PSL, MDB, PSDB, DEM, PSB, PDT, PCdoB, Cidadania, PV e Rede. Mas a aparente vantagem numérica está longe de garantir que o candidato terá maioria no dia da votação, prevista para 1º ou 2 de fevereiro. As eleições contam sempre com um fator capaz de mudar completamente o placar: o índice de traição. O fato de a votação ser secreta facilita votos contra o posicionamento oficial do partido.
Por isso, com a maioria dos apoios já oficializada, os candidatos agora miram em dissidentes e indecisos. Até fevereiro, continua a corrida pelos 257 votos necessários para assumir a cadeira hoje ocupada por Maia. Tanto Rossi quanto Lira têm planos de viajar pelo país em busca de apoio.
Nesta terça-feira, 5, Lira foi a Macapá e Belém, acompanhado por Elmar Nascimento (DEM-BA) e Celso Sabino (PSDB-PA), ambos de legendas que apoiam Rossi, o que indica o grau de dissidência na disputa. Outros partidos como Podemos e Novo ainda não anunciaram oficialmente de que lado estarão. O Novo deve definir o apoio na semana que vem.
Enquanto Lira conta com os partidos do Centrão, bloco liderado por ele na Câmara, Rossi conseguiu unir legendas de vários espectros, inclusive de esquerda, à sua candidatura. Por quatro votos de diferença, a bancada do PT, que ainda estava dividida, decidiu apoiá-lo, na última segunda-feira, 4. Foram 27 votos a favor e 23 votos contra.
Rossi conta ainda com o apoio de outros partidos de oposição, como PSB, PDT, PCdoB e Rede. O emedebista se comprometeu com exigências da esquerda para conseguir que as siglas se unissem ao bloco. Garantiu que, se vencer a disputa, seguirá o critério de proporcionalidade ao definir os ocupantes dos cargos na Mesa Diretora e não dificultará iniciativas da oposição, como abertura de Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs).
Dos partidos de esquerda, o PSol é o único que ainda não decidiu se unir ao bloco. A posição oficial da legenda deve ser apresentada no próximo dia 15. Tradicionalmente, o PSol lança candidatura própria, para marcar uma posição de esquerda. Além dos nomes citados, devem participar da disputa, como candidatos independentes, os deputados Fábio Ramalho (MDB-MG) e Capitão Augusto (PL-SP).