Assim como o crack (foto), o oxi é capaz de viciar nas primeiras vezes em que é consumido (Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 12 de janeiro de 2012 às 20h57.
Rio de Janeiro - A Prefeitura do Rio deve montar uma base, inspirada no modelo da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), em uma das cracolândias da cidade para dar assistência social, socorro médico e encaminhar para tratamento os usuários da droga. O projeto, que está sendo chamado de "UPP do Crack", visa conter a expansão das áreas do consumo do entorpecente com postos de atendimento aos dependentes químicos.
"É similar a UPP porque a ação será permanente e em conjunto com as secretarias de Segurança Pública e de Saúde. O usuário receberá o primeiro atendimento médico no local e poderá ser encaminhado para o tratamento", explicou o secretário municipal de Assistência Social, Rodrigo Bethlem. No Rio, crianças e adolescentes podem ser internados compulsoriamente.
Segundo o secretário, ao contrário de São Paulo, onde as cracolândias ocupam as ruas da cidade, no Rio, os usuários ainda estão confinados nas favelas ainda não ocupadas pela polícia. Para garantir a segurança da equipe, a Secretaria de Segurança Pública do Rio é que definirá em qual comunidade será instalada a primeira "UPP do Crack". As favelas que podem receber o projeto são Jacarezinho, Manguinhos, Complexo da Maré ou Cajueiro, na zona norte; Morro do Santo Amaro, no Catete, na zona sul, e Antares, na zona oeste.
A implantação do projeto terá verba do Plano de Enfrentamento ao Uso do Crack do Ministério da Saúde. O Rio será o primeiro a receber o programa. A cidade deve ganhar ainda quatro novos abrigos, com recursos da Secretaria Nacional de Segurança Pública, para crianças e adolescentes dependentes da droga.
Realizado pela Secretaria Municipal de Assistência Social (SMAS), o recolhimento de usuários de crack é diário no Rio. Hoje, nos arredores do Morro do Cajueiro, em Madureira, na zona norte da cidade, foram localizados 49 dependentes adultos, alguns deles portavam facas e canivetes. As ações contam com o apoio da Polícia Militar, mas as abordagens são feitas pelos assistentes sociais. Desde o início das operações de combate ao entorpecente na cidade, em março de 2011, a SMAS já realizou 3.332 recolhimentos, sendo 2.849 adultos e 483 crianças e adolescentes.
Após o recolhimento, os usuários são identificados pela polícia e vão para a Unidade Municipal de Reinserção Social, em Paciência, na zona oeste. Os adolescentes podem ser internados, mesmo contra a vontade. A maioria dos adultos toma banho, se alimenta e volta para a cracolândia. A Prefeitura do Rio conta com 178 vagas em clínicas de tratamento de drogas para crianças e adolescentes e 60 leitos para adultos.