Marcelo Crivella: o prefeito explicou que será preciso renegociar as dívidas com o BNDES e com a Caixa Econômica (Edilson Rodrigues/Agência Senado)
Agência Brasil
Publicado em 25 de abril de 2017 às 19h41.
O prefeito do Rio, Marcelo Crivella, disse nesta terça-feira (25) que o município poderá não ter dinheiro para pagar o funcionalismo em setembro se não renegociar dívidas com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e com a Caixa.
Crivella culpou os gastos excessivos feitos pela administração passada, do ex-prefeito Eduardo Paes, com obras para as Olimpíadas pelo descontrole financeiro.
"Segundo o Tesouro, se vocês consultarem na prefeitura, em setembro já não há mais caixa para pagar os salários. A prefeitura está vivendo uma crise imensa, nunca viveu nos últimos 30 anos, em decorrência de uma administração temerária e muitas obras e também de uma queda de arrecadação por conta da crise do estado. A atividade econômica está muito fraca, há 350 mil desempregados só na cidade do Rio de Janeiro", disse Crivella, durante visita a uma Clínica da Família na zona oeste.
Crivella explicou que será preciso renegociar as dívidas com o BNDES e com a Caixa Econômica, para não inviabilizar investimentos em áreas sociais prioritárias, como saúde e educação.
"É preciso que eles entendam que o Rio de Janeiro, neste momento, não pode arcar com R$ 1 bilhão de pagamento de empréstimos para as Olimpíadas. Eu tenho que dar prioridade ao pagamento do salário das pessoas, da saúde e da merenda das crianças na escola. Espero ter uma resposta deles agora no mês de maio, para não ter que atrasar salário."
Outro problema comentado pelo prefeito com os jornalistas que acompanhavam o evento foi uma possível crise no sistema de Previdência dos servidores municipais, também por falta de recursos.
"Eu estou esperando decisão no governo central, no Congresso Nacional, sobre a Previdência. Acredito que deve ser votado esta semana a [reforma] trabalhista, no máximo na outra, e em seguida vamos cuidar da Previdência do Rio de Janeiro, que está quebrada. É bom fazer esta denúncia publicamente. É uma pena, pois havia bilhões que foram gastos nessas euforias, obras de Olimpíadas, etc, colocando em risco o pagamento de aposentados e pensionistas."
Segundo Crivella, talvez seja necessário aumentar a contribuição dos inativos sobre o que exceder o valor limite determinado.
"Se necessário for, teremos que fazer a contribuição dos inativos, mas é bom lembrar que não são todos os inativos, cerca de 10% deles, que ganham acima de R$ 5,5 mil, e a contribuição de 11% só incide sobre o que passa de R$ 5,5 mil. Se a pessoa ganha R$ 6,5 mil, ela vai pagar R$ 110, que é 11% sobre R$ 1 mil. É assim que a gente pretende equilibrar e não atrasar o pagamento de aposentados."
A assessoria do ex-prefeito Eduardo Paes e do ex-secretário de governo, deputado federal Pedro Paulo (PMDB-RJ), foi procurada, mas até a publicação desta matéria ainda não havia se manifestado.