Carnaval no Rio: Riotur afirma que a Arena Carnaval foi pensada como forma dar "conforto" aos foliões e facilitar a logística (REUTERS/Pilar Olivares/Reuters)
Agência Brasil
Publicado em 27 de dezembro de 2017 às 17h22.
A prefeitura do Rio de Janeiro vai abrir um novo espaço, na Barra da Tijuca, para apresentação de blocos de carnaval, para onde pretende desviar também aqueles blocos que se apresentavam no bairro.
A Arena Carnaval Rio será erguida no Parque dos Atletas, onde foi realizado o Rock in Rio até 2015, na zona oeste, com apoio da empresa patrocinadora do carnaval de rua. A medida, no entanto, desagrada organizações de blocos populares.
De acordo com a Riotur, empresa municipal responsável pelo calendário de festas, a Arena Carnaval foi pensada como forma dar "conforto" aos foliões e facilitar a logística durante os festejos de momo. Batizado de blocódromo pela imprensa carioca, o local contará com banheiros químicos e capacidade controlada de até 80 mil pessoas, segundo o presidente do órgão, Marcelo Alves.
Os únicos blocos que migrarão obrigatoriamente para o local são os que desfilavam no Pepê, na Barra, por causa das reclamações de moradores este ano.
"A gente jamais vai tirar a espontaneidade, a liberdade, a tradição, do carnaval do Rio de Janeiro, do carnaval de rua", afirmou Alves.
"O que fizemos foi criar um novo espaço, com foco de ordenamento para os megablocos, que vão desfilar na cidade e também vão desfilar na Arena Carnaval Rio, e os blocos da Praia do Pepê, que, realmente, causaram desconforto. Os demais blocos vão continuar a desfilar nos locais tradicionais, como Ipanema", esclareceu o dirigente, em entrevista à imprensa, nesta quarta-feira (27).
A prefeitura informou que os detalhes sobre a agenda de shows os e investimentos na arena serão dados em uma coletiva de imprensa, no dia 15 de janeiro, no Palácio da Cidade, em Botafogo.
A Riotur antecipou, no entanto, que o Bloco Cordão do Bola Preta e o Bloco da Anitta se apresentarão na nova arena, além de desfilarem no centro.
Procurados, o Bola Preta, que completa 100 anos em 2018, disse que ainda negocia o pagamento do cachê. O bloco da cantora Anitta, alçada a atração internacional pelo presidente Riotur, não respondeu à Agência Brasil.
A criação da Arena Carnaval, no entanto, na avaliação da presidenta da Sebastiana (Associação Independente dos Blocos de Carnaval de Rua da Zona Sul, Santa Teresa e Centro da Cidade), Rita Fernandes, desvia investimentos que deveriam ser do carnaval de rua do Rio.
"Montar um espaço lá [no Parque dos Atletas] envolve investimentos da prefeitura, quando a prefeitura não tem muito dinheiro para colocar no carnaval de rua", afirmou a jornalista, à frente da organização que reúne os 12 principais blocos do Rio. Este ano, a prefeitura teve que remanejar verbas e ameaçou cortar programas por falta de recursos fiscais.
Outro problema, segundo Rita, é que a medida abre brechas para o "confinamento" de blocos na arena, no futuro, com a justificativa melhorar a organização do carnaval.
"Abre um precedente para que, em anos futuros, eles [a prefeitura] queiram levar todo mundo, de forma condicional, e não tenha mais carnaval de rua. Então, isso é um perigo", alerta. "Não vamos deixar".
Nos últimos anos, além dos blocos tradicionais, como Banda de Ipanema, Carmelitas e Simpatia é Quase Amor, têm desfilado os blocos não oficiais, criados para questionar as regras impostas ao carnaval de rua e proporcionar outra experiência aos foliões nas suas saídas, geralmente, à noite ou na madrugada.
O Amigos da Onça, que saiu no centro, por mais um ano, com concentração às 3h, lotou, reunindo milhares de foliões que mal conseguiram se aproximar dos músicos.
O presidente da Riotur, no entanto, reiterou que a prefeitura não intervirá. "O que estamos fazendo é dar grandiosidade, dar conforto, logística, jamais querendo tirar a essência do carnaval. Isso jamais faremos". A entrada na Arena Carnaval Rio será gratuita.