Brasil

Prefeitura de SP envia projeto à Câmara dos Vereadores em novo passo para privatização da Sabesp

O projeto determina que a administração municipal poderá substituir o contrato vigente de prestação de serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 20 de março de 2024 às 19h46.

O governo Ricardo Nunes (MDB) enviou na terça-feira, 19, à Câmara dos Vereadores o projeto de lei 163/2024, que autoriza o municipio a firmar convênios de serviços de saneamento por meio de entidade de governança metropolitana ou Unidade Regional de Água e Esgoto (Urae). A mudança na lei municipal é um dos pontos para que a privatização da Sabesp avance.

O projeto determina que a administração municipal poderá substituir o contrato vigente de prestação de serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário, em contrato de concessão, desde que demonstrada o benefício da "substituição para o município". O texto sugere também que a revogação do trecho que determina que esses serviços só poderiam ser prestados pela Sabesp.

Caso a substituição do contrato inclua alteração de prazo, deverá ser assegurada uma contrapartida financeira ao município ou a majoração do porcentual destinado ao Fundo Municipal de Saneamento Ambiental e Infraestrutura (FMSAI). Em caso de contrapartida financeira, os recursos serão destinados ao FMSAI e reservados unicamente para investimentos, proibido o uso para custeio.

O projeto determina também que os contratos e ajustes celebrados devem obrigatoriamente resguardar as prerrogativas e vantagens conferidas ao município pelo contrato vigente de prestação de serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário. Entre elas, a previsão de universalização dos serviços de água e esgoto até 2029 e manutenção da tarifa social.

Além disso, devem manter a destinação de, ao menos, 7,5% da receita bruta obtida a partir da exploração dos serviços de abastecimento de água e esgotamento para o Fundo Municipal de Saneamento Ambiental e Infraestrutura (FMSAI). Enquanto isso, pelo menos 13% da receita devem ser usados para investir em ações de saneamento básico e ambiental de interesse do município.

"A Sabesp e o município pactuarão o término do convênio atualmente existente, pelo qual a Sabesp destina a totalidade dos valores a ela pagos pelo município, descontados os tributos incidentes, à realização de ações em saneamento básico e ambiental de interesse do município", diz o projeto.

A apresentação do PL acontece após o prefeito Ricardo nunes e vereadores da cidade se reunirem com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e a secretária Natália Resende para discutir o processo de desestatização. No encontro, dúvidas forma esclarecidas para o processo avançar em São Paulo. 

Em entrevista à EXAME em fevereiro, Natália Resende disse que as discussões na Câmara Municipal não causariam empecilho ou atraso no processo de desestatização da companhia.

Hoje, a cidade de São Paulo representa 44% do faturamento da Sabesp. O município tem uma lei que determina que qualquer mudança acionária da companhia de saneamento faz com que a prefeitura volte a assumir o serviço de água e esgoto. Como a capital fez parte das conversas da privatização da Sabesp, e está incluída no novo contrato que deve ser assinado com os 375 municípios, o governo do estado vê com tranquilidade essa questão.

Relatórios veem projeto como um avanço para privatização

O Itaú BBA destacou, em relatório assinado por Marcelo Sá, Fillipe Andrade Luiza Candiota e Victor Cunha, que os principais pontos do projeto vieram em linha com a expectativas. O Banco Safra, por sua vez, salientou a inclusão de uma compensação financeira no caso de prorrogação do contrato seria equivalente a uma taxa de concessão, e isso teria que ser considerado no valuation da companhia antes da privatização.

Com Estadão Conteúdo. 

Acompanhe tudo sobre:SabespRicardo Nunes

Mais de Brasil

Governo Lula se preocupa com o tom usado por Trump, mas adota cautela e aguarda ações práticas

Lula mantém Nísia na Saúde, mas cobra marca própria no ministério

Justiça nega pedido da prefeitura de SP para multar 99 no caso de mototáxi

Carta aberta de servidores do IBGE acusa gestão Pochmann de viés autoritário, político e midiático