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Prefeitura de São Paulo suspende acordo que criaria 'Largo da Batata Ruffles'

Decisão veio após onda de comentários nas redes sociais

Projeto de como ficaria o largo da Batata após a divulgação (Ruffles/Divulgação)

Projeto de como ficaria o largo da Batata após a divulgação (Ruffles/Divulgação)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 13 de dezembro de 2024 às 14h16.

Última atualização em 13 de dezembro de 2024 às 16h58.

A Prefeitura de São Paulo recuou de um acordo que permitira à Pepsico chamar o largo da Batata, em Pinheiros, de Largo da Batata Ruffles.

A Pepsico, fabricante da batata frita Ruffles, havia fechado uma parceria com a prefeitura para fazer uma reforma e instalar novos equipamentos no largo, que passaria a ser chamado de "Largo da Batata Ruffles" em ações publicitárias. No local, seriam instalados tabela de basquete, futmesa, wi-fi, uma horta e um novo parquinho.

O acordo, no entanto, foi suspenso, após o caso se tornar público. "A Prefeitura de São Paulo informa que tornou sem efeito nesta quinta-feira (12) o Termo de Doação Nº 06/SUB-PI/2024 objetivando a reanálise documental e tempo hábil para manifestação da Comissão de Proteção à Paisagem Urbana (CPPU) a respeito da proposta de parceria para o Largo da Batata", disse a prefeitura, em nota.

A Pepsico havia divulgado um release para anunciar a novidade. Segundo o material, a ideia da mudança veio após um comentário, de 2023, sobre o Largo da Batata publicado por um estrangeiro de passagem por São Paulo, que disse que "Não tinha uma batata sequer quando passamos por lá”.

"O comentário inspirou a Bakery by Ampfy a desenvolver um projeto de revitalização do local por Ruffles envolvendo a parceria da marca e a implantação de atividades de lazer e entretenimento para a comunidade, criando uma interligação entre a história local e o conceito de Ruffles", diz o comunicado.

Após a desistência municipal, a Pepsico voltou a se pronunciar. Disse, em nota, que o acordo "trata-se de um termo de cooperação e doação, sem necessidade de licitação ou consulta pública, que cumpriu todos os trâmites legais e que não incorreu em nenhuma irregularidade".

"A iniciativa não contempla a mudança do nome do Largo da Batata (naming rights). A Pepsico aguarda a avaliação dos demais órgãos competentes ligados à Prefeitura para definir a continuidade da ação", afirma.

Lei Cidade Limpa

Uma autoridade da prefeitura comentou, de forma reservada, que a parceria inicial previa que o largo da Batata fosse adotado pelo Pepsico. A empresa poderia fazer reformas no local, sem custo para a prefeitura, em troca de exibir pequenas placas no local, como é feito em várias praças da cidade.

No entanto, quando a Pepsico começou a divulgar a parceria como se fosse uma mudança de nome do local, e passou a usar a ação em uma grande campanha publicitária, a prefeitura decidiu rever o acordo, que será analisado pela Comissão de Proteção à Paisagem Urbana. A parceria havia sido feita sem passar pelo aval do órgão.

O ex-secretário Nabil Bonduki, vereador eleito da cidade, divulgou trechos do acordo nas redes sociais. O acerto previa que a Pepsico desembolsaria R$ 1,1 milhão em melhorias, ao longo de 24 meses, um valor considerado baixo para o ganho de visibilidade que a marca teria.

Em São Paulo, existe a Lei Cidade Limpa, que veta outdoors e propagandas em espaços públicos, com poucas exceções, como em pontos de ônibus.

O largo da Batata fica no começo da avenida Brigadeiro Faria Lima, uma das vias mais movimentadas da cidade. A praça recebeu uma reforma no começo dos anos 2010, que ampliou o espaço de circulação. No entanto, a reforma deixou um ar inóspito em algumas partes do largo, que tem baixo fluxo de pessoas ao longo do dia e da noite.

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