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Prefeitos devem renunciar em abril para disputar eleição de 2018

A pedido de EXAME.com, a consultoria Prospectiva mapeou quem está considerando a troca das prefeituras para concorrer a governos estaduais e à presidência

O ex-prefeito de São Paulo, João Doria (Adriano Machado/Reuters)

O ex-prefeito de São Paulo, João Doria (Adriano Machado/Reuters)

Valéria Bretas

Valéria Bretas

Publicado em 17 de novembro de 2017 às 11h03.

São Paulo - Pelo menos seis capitais brasileiras podem sofrer uma reviravolta em sua administração pública a partir do ano que vem. Isso porque os respectivos prefeitos estão de olho nas eleições de 2018 e, para concorrer a algum cargo, precisariam renunciar ao atual posto já em abril do próximo ano.

A pedido de EXAME.com, a consultoria Prospectiva mapeou os prefeitos de capitais que estão considerando a mudança. Desses, ao menos três miram (mesmo que ainda nos bastidores) a disputa pela Presidência da República.

Apesar de se esquivar sobre uma eventual candidatura, o prefeito João Doria, de São Paulo, é o nome mais citado dessa lista. Tanto que na última sondagem realizada pelo Instituto Datafolha, em outubro deste ano, ele apareceu em quarto lugar com 8% das intenções de voto do eleitorado. O tucano ficou atrás de Marina Silva (Rede), 14%, Jair Bolsonaro (PSC), 16%, e Lula (PT), 36%.

Enquanto Doria faz mistério sobre seu futuro político, outro tucano já anunciou sua  disposição para participar das prévias no PSDB para sair candidato a presidente.  O prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB), afirmou, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, que seu nome é o melhor do partido para desbancar uma eventual candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Eu sou muito acostumado no Amazonas a subir o Rio contra a corrente. Tenho certeza de que sou melhor candidato que ambos para fora do partido. Eu ganho com o Lula", disse Virgílio, que foi reeleito em 2016 para comandar a capital amazonense com 56,18% dos votos válidos. 

O prefeito de Salvador (BA), ACM Neto (DEM), reeleito em 2016 com 74% dos votos válidos, também é cotado como outro candidato à presidência. No entanto, nas últimas semanas, ele tem sinalizado interesse pela disputa ao governo estadual da Bahia.

Ainda de acordo com o levantamento, Marcus Alexandre (PT), prefeito de Rio Branco (AC), Zenaldo Coutinho (PSDB), prefeito de Belém (PA), e Gean Loureiro (PMDB), prefeito de Florianópolis (SC), podem concorrer ao governo do estado.

Nos demais estados, há a possibilidade de o atual governador disputar a reeleição. Dessa forma, segundo a Prospectiva, dificilmente o prefeito da respectiva capital sairá como candidato.

Além dos seis nomes considerados pela consultoria, outros quatro prefeitos podem engrossar a lista dos que podem abandonar o cargo para disputar o governo estadual: Carlos Amastha (PSB), de Palmas (TO), Rui Palmeira (PSDB), de Maceió (AL), Luciano Cartaxo (PSD), de João Pessoa (PB) e Carlos Eduardo (PDT), de Natal (RN).

Agora, como ficam as cidades? 

De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para concorrer a outros cargos, os respectivos prefeitos devem renunciar aos mandatos até seis meses antes do pleito. Ou seja, se o cenário for confirmado, dez prefeitos entregarão a chave das cidades nas mãos de seus vices faltando dois anos e oito meses para completarem o mandato.

Para cientistas políticos ouvidos por EXAME.com, a troca de cadeiras não representa, necessariamente, uma mudança negativa para a gestão municipal. “Dependendo do caso, o próprio vice pode corrigir eventuais erros deixados por seu antecessor”, diz Pedro Arruda, cientista político da PUC-SP.

De acordo com o especialista, um efeito negativo para a cidade, como a descontinuidade de políticas públicas já implementadas pela administração anterior, pode acontecer se o prefeito titular e o vice forem de grupos políticos diferentes. “Nesse caso, em que as prioridades da gestão fossem alteradas, o município poderia sair perdendo”, diz.

Na análise da consultoria, não é raro em uma situação como essa que o sucessor do prefeito eleito tente fazer a diferença. "Os resultados de uma eventual troca podem ser positivos. Afinal, a chance de essa figura querer valorizar o seu próprio nome no campo político, por ter a caneta na mão, é muito grande", argumenta Thiago Vidal, coordenador de análise política da Prospectiva.

 

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