O prefeito José Fortunati: a gota d'água ocorreu ontem, quando parte dos vereadores do PDT ajudou a derrubar vetos do Executivo a dois projetos (Marcello Casal Jr./Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 17 de março de 2015 às 14h14.
Porto Alegre - O prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, anunciou na manhã desta terça-feira, 17, que vai se licenciar do PDT por tempo indeterminado.
O pedido foi motivado pela postura da bancada do partido na Câmara de Vereadores, que, segundo ele, está votando de forma dividida, sem dar o apoio que ele espera.
A gota d'água ocorreu ontem, quando parte dos vereadores do PDT ajudou a derrubar vetos do Executivo a dois projetos - um que prevê a regularização de áreas ocupadas irregularmente e outro que determina a obrigatoriedade de instalação de aparelhos de ar-condicionado em todos os ônibus da capital gaúcha.
A decisão de Fortunati foi comunicada na noite desta segunda-feira ao presidente estadual do PDT, Pompeo de Mattos.
Em seu blog, Fortunati disse que a opção pelo licenciamento foi sendo "amadurecida" há algum tempo e teve na tarde de ontem seu desfecho.
"Sou um defensor ferrenho da independência dos poderes, algo fundamental para a consolidação do Estado Democrático de Direito. Agora, não posso admitir que exista em diversos parlamentares uma esquizofrenia política tamanha, na qual se é ao mesmo tempo governo e oposição, cruzando esta fronteira por mera conveniência pessoal", escreveu.
Em entrevistas concedidas na manhã de hoje, ele criticou os vereadores que, segundo ele, pensam mais na próxima eleição do que na necessidade de governar Porto Alegre.
Também argumentou que os dois projetos que havia vetado são inconstitucionais e que recorrerá à Justiça para barrar as iniciativas.
Fortunati negou que o afastamento do PDT represente o primeiro passo para uma saída definitiva do partido. "Vou pensar se permaneço ou não (na legenda) somente a partir de 2017, após o fim do meu mandato", falou.
De acordo com o prefeito, sua prioridade é continuar administrando a cidade de forma independente, sem vínculo com nenhuma sigla partidária, e mantendo-se fiel ao seu programa de governo.
Na Câmara de Vereadores, alguns políticos se mostraram surpresos com o notícia do licenciamento. Já outros disseram que entendem a postura de Fortunati, mas que esperam que ele volte atrás.
As lideranças do PDT no Rio Grande do Sul devem convocar uma reunião amanhã para tentar convencê-lo a desistir da ideia. Hoje, o prefeito disse que a decisão é "irrevogável".
Ele ainda declarou que o seu afastamento temporário do partido não afeta a relação de sua esposa, Regina Becker Fortunati, eleita deputada estadual pelo PDT, com a legenda.