Alimentos: "Essa desaceleração dá a entender que os preços não estão com o fôlego todo", diz Salomão Quadros. (Omar Paixao / VOCÊ S.A.)
Da Redação
Publicado em 9 de janeiro de 2013 às 14h20.
Rio de Janeiro - O grupo Alimentação, que determinou a inflação em 2012, iniciou o ano direcionando o processo de desaceleração dos indicadores de preços. A primeira prévia do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) de 2013 apontou uma perda de ritmo da inflação, que passou de 0,50% em dezembro para 0,41% em janeiro. "Essa desaceleração dá a entender que os preços não estão com o fôlego todo", destacou o coordenador de Índices do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), Salomão Quadros.
Na primeira prévia do IGP-M, os preços das matérias-primas caíram 0,18%, após avançarem 0,79% no mês anterior. São muitos os exemplos de desaceleração entre os agropecuários. A inflação da soja passou de -1,77% na primeira prévia de dezembro para -2,89% na primeira prévia de janeiro. O milho passou de 4,97% para -0,57%, o que teve efeito também sobre as aves (de 5,40% para 2,55%). A variação de preços dos bovinos passou de 0,38% para -1,76%. E o arroz passou de -0,06% para -3,38%.
Em trajetória oposta, o trigo apareceu como uma pressão sobre o indicador, com inflação de 7,03% ante 1,45% em dezembro. O problema não é o impacto direto do trigo na inflação, porque o produto tem pouco peso na composição do IGP-M, mas o que esse resultado antecipa de possível aumento de preços de derivados, como do pão francês, macarrão e farinha de trigo. "O trigo é um contraexemplo. Esse não é o perfil do grupo alimentação. O que se espera é que para a alimentação o comportamento seja mais suave em janeiro e fevereiro", destacou Quadros.
No atacado, a recuperação da economia já começa a contribuir para que o índice avance. Entre os bens intermediários (de 0,24% para 0,58%), o destaque foi o grupo de ferro-gusa e ferro-ligas (de -2,09% para 8,55%). "Toda essa cadeia de metais passa por uma fase de recuperação diante das perspectivas de retomada da China e da própria indústria brasileira. Este segmento foi muito mal em 2012. Agora isso deve ser uma tentativa de recuperação de terreno", afirmou o economista, complementando que a perspectiva é de recuperação dos preços das commodities, à medida que a economia mundial voltar a crescer.