Lula e Dilma: Lula tem apoio unânime da bancada federal do PT na Câmara para integrar o governo (Ricardo Stuckert/Instituto Lula)
Da Redação
Publicado em 15 de março de 2016 às 14h08.
Brasília - A possível ida do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para um ministério do governo da presidenta Dilma Rousseff foi um dos assuntos mais comentados hoje (15) entre os parlamentares na Câmara dos Deputados.
A bancada federal do PT na Casa recebeu com entusiasmo a notícia e considerou que isso representaria a ida de um mestre na articulação política para o governo.
Já os oposicionistas reclamaram e prometeram recorrer à Justiça para impedir uma possível nomeação de Lula para um ministério.
Lula tem apoio unânime da bancada federal do PT na Câmara para integrar o governo.
“A possível ida do presidente Lula para o governo é algo que nós saudamos, mas é claro que isso precisa primeiro de a presidenta Dilma convidá-lo e de ele aceitar”, disse o deputado Wadih Damous (PT-RJ), que recorreu a uma metáfora futebolística para justificar o apoio.
“Quem tem um Pelé, quem tem um Maradona, um Messi; quer um Pelé, um Maradona, um Messi no seu time. Então, o presidente Lula engrossando o time do governo é bom para o governo”, acrescentou.
As notícias a respeito da ida de Lula para o governo começaram a circular mais fortemente no início da noite desta segunda-feira (14).
Há a possibilidade de o ex-presidente se reunir nesta terça-feira em Brasília com a presidenta Dilma para discutir a nomeação. As expectativas giram em torno de uma possível nomeação para a Casa Civil ou para a Secretaria de Governo, onde ficaria a cargo das relações políticas.
Para o deputado Wadih Damous, a reconhecida habilidade do ex-presidente de dialogar e formar consensos vai ajudar o governo a superar as inúmeras dificuldades com a base aliada, especialmente com o PMDB, que dá sinais de que pretende se afastar do governo.
“Nós não podemos negar as evidência de que o governo está muito fragilizado e o presidente Lula é muito agregador, tem passado por todos os segmentos da política, tem prestígio internacional, foi o presidente mais bem avaliado da história do Brasil”, afirmou o petista.
Na avaliação da oposição, a nomeação seria uma forma de o governo tentar blindar o ex-presidente diante das investigações da Operação Lava Jato, uma vez que, tornando-se ministro, Lula teria direito a foro privilegiado, fazendo com que as investigações saiam do âmbito da Justiça Federal do Paraná e passem para o Supremo Tribunal Federal (STF).
“Esse ato de nomeação é nulo, uma vez que a nomeação não tem outro objetivo que não blindar o Lula para o STF”, disse o líder do DEM, Pauderney Avelino (AM).
De acordo com Pauderney Avelino, os oposicionistas pretendem recorrer à Justiça para impedir uma eventual nomeação de Lula. Eles argumentam que o ato seria uma tentativa de “fraude à lei” e “desvio de finalidade”, pois, segundo, Avelino, a nomeação só teria como objetivo fazer com que Lula consiga o foro privilegiado.
“Nós do Democratas e dos outros partidos de oposição vamos entrar com ações na Justiça Federal e no STF, assim como aconteceu com o caso do ministro da Justiça. A ação popular do DEM será em todo o Brasil”, disse o líder do DEM.
Pauderney Avelino afirmou que nomear Lula ministro seria um “tapa” na cara da população que foi às ruas no último domingo (13). Para o deputado oposicionista, os milhares de brasileiros que foram às ruas "Já disseram que não querem o governo do PT”.
Wadih Damous disse que o argumento da oposição demonstra um “desapreço pela ordem jurídica”, pois, com a eventual nomeação de Lula para um ministério, as investigações teriam seguimento, apenas mudaria o foro.
“Há algum dispositivo legal que diz que se alguém vier para o governo parará de ser investigado, se colocará acima da lei e do ordenamento jurídico? Não. Apenas mudará o foro para o STF”, destacou.
Segundo Damous, a atitude da oposição colocaria em dúvida a lisura do STF. “Há alguma dúvida sobre a lisura do STF? Um tribunal que julgou o caso do mensalão e inclusive condenou vários líderes petistas não pode ser colocado em dúvida dessa forma”, afirmou.